Società di Mutuo Soccorso 20 Settembre Terreno e a primeira sede social As reuniões da sociedade funcionavam na casa alugada do Sr. Gaetano Troccoli, que pediu, logo depois, um aluguel de 240 mil-réis anuais, valor considerado muito elevado, ou a desocupação do prédio. Troccoli ofereceu à sociedade, gratuitamente, um quarto para as reuniões, por dois meses, sendo aceita a proposta. A casa ser-lhe-ia entregue, desocupada, em uma semana, dia 18 de agosto de 1887. A ata de 4 de agosto de 1887, já evidenciava a preocupação dos sócios em ter a sua sede própria. Comentava-se a venda do terreno que a Câmara faria à Sociedade. Na sessão de 30 de agosto de 1888, os italianos da sociedade começaram a organizar a grande festa de 20 de setembro daquele ano, com sugestões de muitos eventos, quando o presidente Leonardo Define arrefeceu o entusiasmo dos festeiros, sugerindo que "o dinheiro para a festa fosse utilizado na aquisição do terreno e na construção de uma sala para a Sociedade", o que foi aprovado pela unanimidade do Conselho.. Em novembro de 1888, procurando-se um terreno para comprar, designou-se uma comissão formada por Leonardo e Vincenzo Define, Nicola Deluca e Bertini para visitar um, no largo desta cidade, de propriedade do Sr. Luiz Carlos de Matos, ou alguns outros (...). Em setembro de 1888, o presidente da Società, Leonardo Define, novamente autorizado pela assembléia, oficiou à Câmara Municipal, reivindicando um terreno, como abaixo transcrevo:
"Ilmo Sr. Presidente e Vereadores da Câmara. Eu Leonardo Define na qualidade de Presidente da sociedade beneficiência italiana, que tendo esta sociedade precisão de construir um prédio para melhor funcionar a Assembléia da referida sociedade, vem o suplicante respeitosamente requerer a esta Illma. Câmara lhe conceder o terreno que se acha devoluto na Rua Treze de Maio esquina da Rua da Imperatriz. Nestes termos requer e pede que lhe conceda o terreno todo que sobra dos termos do Cap. Antônio Corrêa de Souza por causa do edifício precisar de terreno mais que os 60 palmos do estilo. O terreno pretendido foi há tempos requerido pelo cidadão Honório Luiz Dias porém, como por força de lei caiu em Comisso, por isso requer para lhe ser concedido na forma da lei pagando o suplicante os respectivos selos e mais despesas previstas pelas posturas desta Municipalidade ordenando ao Secretário passar-lhe as competentes cartas precisas para o terreno visto ser mais de 60 palmos. Assim P. deferimento com urgência, pela precisão da construção ser feita com presteza e E R M. Vila de São José 20 de 9br de 1888. Leonardo Define". (N. do A. : ERM significa: "espera receber mercê"). No verso da folha está o parecer da Comissão de Obras: "A Comissão é de parecer que seja dado na forma da lei 13 m e 20 de frente com o fundo correspondente ao fundo do quarteirão. Sala das Sessões, 24 de novembro de 88. João Baptista Junqueira. Luiz Carlos de Mello. Aprovado. Sala da Câmara Municipal, 24 de dezembro de 1888. S. Barbosa".
Em 26 de dezembro de 1888, sem ainda conhecer a doação feita pela Câmara, alguns sócios aventavam a compra da casa do Gaetano Troccoli e de um terreno contíguo que seria anexado ao patrimônio, pensando-se numa sede maior. Houve críticas à sugestão e outros sócios ofereceram outras casas... Com a posse do terreno, a Società precisava de uma planta para construir a casa social. No final de janeiro de 1889, o Conselho recebeu esboços dos trabalhos de Prezzia, de Giovanni Delucca e de Giuseppe Quercia, tendo este último apresentado, ainda, a planta do portão de ferro batido, com as letras S.M.S (Società Mutuo Soccorso). e das janelas... Discussão. Giovanni Deluca sugeriu edificar, por enquanto, só algumas salas. As plantas foram reduzidas: não havia meios suficientes para uma grande obra. Em fevereiro, abriu-se concorrência para a edificação do prédio. Os construtores deveriam apresentar propostas até 1º de março de 89, em carta fechada. Ei-las: Giuseppe Quercia: 2..295..700; Nicola Deluca: 1..798..900; Luigi Prezzia: 1..900..000; Giovanni Deluca: 1..830..000 e Antonio Ciaccio: 1..789..990. Em maio de 1889, foi divulgado o nome do construtor: Luigi Prezzia. Por algum problema não mencionado na ata, Prezzia se afastou da sociedade. A Assembléia decidiu tocar a obra por conta própria, sob a direção do construtor Nicola Deluca. Embora os fatos relatados não sejam claros, deduz-se que a sociedade italiana comprou dois terrenos que aumentaram seu patrimônio. Leia este trecho da ata de 14 de abril de 1890: "Foi apresentado o lavramento da segunda data de terreno pertencente à sociedade. (...) foi comprado do Cap. Antônio Corrêa (...) terreno do fundo da casa social (,,,)". Marcou-se o 24 de junho de 1889 para a grande festa de "inauguração da 1ª pedra", com grande festival. Estariam presentes membros da "Società Principe de Napoli" e a banda italiana "Giuseppe Verdi", de Casa Branca... Esta festa, realizada na esquina das ruas Treze de Maio e Imperatriz (hoje, Marechal Floriano), foi o marco que desencadeou o movimento republicano rio-pardense. Na ata do primeiro livro, de 24/6/1889, a festa foi citada: "A bênção da nossa bandeira (italiana) aconteceu depois da passeata pelas ruas principais da cidade até à Igreja. Foram seus padrinhos: Major Antônio Lima, Dr. José da Costa Machado, Antônio Pantaleão Soares, Antônio Marçal. Depois, retornando à sala, pegou-se a pedra fundamental que foi levada ao terreno do edifício social. O padre da cidade a benzeu e falou sobre o solene ato o nosso presidente, seguido do Sr. Giuseppe Zampolli, representante do jornal ‘Lega Italiana’, pelo Dr. Campista e Dr. Giuseppe Palmelle." (Leia a crônica "Italianos no conflito entre monarquistas e republicanos", no capítulo "Crônicas do autor", à pág. 135). E a primeira sede foi construída.
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