Leitores despachados,
histórias esquisitas & poeta apaixonado


Onde fica isso?

 

- Sobre que mesmo que foi sua crônica da semana? Não sei que fim deram a ela, nesta bagunça de tanta gente em casa no Natal e ano-novo... (Pode ser também no carnaval, na Páscoa, nas férias de julho, na semana da Pátria.)

- Você me desculpe, mas o artigo da semana passada não deu pra entender nada... Você precisa baixar o nível!

- Por que você não faz como outros tantos companheiros seus no DEMOCRATA, que às vezes também escrevem coisas que me desagradam, mas ao menos são curtinhas?

- Diga aqui no meu ouvido, que eu prometo guardar segredo: quem é a fulana que te inspirou na crônica do começo do mês?

E assim por diante.

*

A agência noticiosa inglesa Reuters coligiu umas tantas histórias esquisitas, que passo a comentar ligeiramente:

* Um evangélico fervoroso entrou na jaula dos leões no zoológico de Taipé (ilha Formosa, China) e gritou cheio de : JESUS VAI TE SALVAR! Talvez porque um leão não entendesse a linguagem do pregador, deu-lhe tremenda mordida na panturrilha  direita que quase o matou. Seria preciso restabelecer a finalidade dos leões na história do Cristianismo: eles sempre  serviram para comer cristãos, não para serem transformados em vegetarianos.

* Um inventor alemão patenteou máquina de notável utilidade, quando montada em instalações sanitárias: assim que um sujeito se prepara para urinar, ouve uma voz enérgica e potente: “Sente-se imediatamente! Você não vai conseguir fazer isso em !” Até que conseguir quase todos conseguem. O difícil é um mínimo de pontaria decente. Tanto isso é verdade, que meu finado amigo Domingos Possebon me copiou em italiano a frase lida num mictório público em Roma: “Não digo no centro, mas ao menos dentro!!!”

* A polícia alemã prendeu, por atentado ao pudor, um exibicionista, depois que ele tropeçou na própria calça arriada, quando tentava fugir. Logo ele foi liberado, por falta de vaga na cadeia.

* Um teatro alemão, certamente lutando com dificuldades financeiras, resolveu encenar a velha fábula da Branca de Neve com apenas quatro anões. Foi severamente advertido pelo fiscal de um órgão estatal responsável pela manutenção da pureza folclórica. Ou sete anões em cena, ou adeus, peça!

* Mas os ingleses não ficaram atrás em suas esquisitices. Um fiscal de trem carimbou e recolocou nas mãos de um inconsciente passageiro o bilhete de viagem, sem perceber que o homem estava morto. Vai ver que estava cansado de fazer isso com os bebedores de uísque e de gim fregueses de seu trem.

* Indagados numa pesquisa de âmbito nacional sobre o que mais detestavam no trabalho, a resposta mais repetida na Inglaterra foi os colegas que fedem. É isso quebeber muito e tomar pouco banho.

* Queixa radical detectada em Pequim: se alguém quer abandonar a ideia de suicidar-se por , precisa munir-se de paciência. De cada dez telefonemas tentados para o serviço de assistência a suicidas em potencial, nove dão o sinal de ocupado.

* Agora, em matéria de excesso de zelo, ninguém deve ter superado os administradores da escultura de Davi, obra-prima de Michelangelo, ciosamente guardada na Galleria dell´Accademia, de Florença. Esses cuidadosos italianos, tendo à frente a diretora Franca Falletti, estão pensando seriamente  em espanar a poeira depositada nos turistas que desejem aproximar-se da escultura, símbolo do Renascimento. Turistas não levam apenas a poeira impregnada em seus corpos, vestimentas e calçados, mas também o suor. Tudo tem substâncias tóxicas que podem prejudicar a enorme estátua de cinco metros, esculpida há quinhentos anos. Estão pensando em submeter os visitantes aos sopros de potente ventilador e em impedir que se postem a menos de cinco metros da notável obra de arte, aquela tão perfeita, que seu autor não resistiu à sua beleza e meteu-lhe uma potente martelada no joelho, enquanto exclamava: Parla! Ah, se dona Franca Falletti e seus companheiros soubessem o que sofrem as esculturas brasileiras, deixadas ao sol, à chuva e à ação dos vândalos! Se vissem o estado lastimável do conjunto dos Profetas, do Aleijadinho, no adro da igreja em Congonhas, Minas Gerais...

*

Dois textos que colocaram em minha garagem, com pedido anônimo e expresso de publicação:

 

 NADA DIZEM

 

As palavras chegadas

tão queixosas/tão cansadas/tão pesadas

nada me dizem daquela mulher

dona de meus momentos

que se apagou

não sei se por vontade própria

se por omissão

se por morte do amor.

Dela

a minha saudade.

Dela

sempre receberei

com o coração agitado

qualquer mensagem

de renascimento.

Da intrusa

que tomou seu nome

e seu endereço

nada sei

nada espero.

 *

 No abstrato das impossibilidades

A severa construção dos momentos e seu preço

Entre as incertezas todas dos dias.

Disso, apenas, o calor do coração.

Sem isso a cortina de chumbo

E a desfeitura das formas da aurora.

 

Entenderam? Se não, tudo bem. Poesia não é para entender, é para sentir...

 

 

12/10/2013
emelauria@uol.com.br

 

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