Cabana de zinco: "Monumento nacional incorporado ao acervo do patrimônio artístico e histórico nacional" (decreto-lei federal nº 25, de 30/11/1937) Casa Euclidiana: "Aqui onde residiu Euclides da Cunha, terá sede a Casa Euclideana criada pelo decreto-lei estadual nº 15-961 de 14/08/1948" Ponte metálica: "Patrimônio histórico. Tombada pelo CONDEPHAAT em 30/05/1986"
Euclides da Cunha, referência obrigatória quando se faz menção à cultura brasileira, morou em São José do Rio Pardo de 1898 a 1901, deixando na cidade marcas profundas.
Marcha do Café do sudeste
A expansão do café pelo interior de São Paulo) - Vamos cogitar de um tempo em que a expansão cafeeira estava em franco avanço pelo interior de São Paulo e Minas Gerais, impondo-se alavancando a economia nacional.
A Guerra de Canudos: Tempo de república recente, faceando-se a algumas certezas e muitos problemas a enfrentar.
Ponte destruída sobre o rio Pardo
Euclides da Cunha, neste contexto, fez a cobertura da Guerra de Canudos em fins de 1897, a pedido do jornal "O Estado de S. Paulo". Seu trabalho cultural face aos problemas sociais brasileiros marca nossa nação desde seu berço republicano. A queda de uma ponte metálica que visava facilitar o escoamento do café produzido à margem direita do rio Pardo em direção da estação da Mojiana que passava por São José do Rio Pardo faz com que Euclides da Cunha, então trabalhando no Departamento de Obras Públicas do Estado de São Paulo, venha para São José do Rio Pardo supervisionar a reconstrução em terreno mais firme poucos metros acima de onde ficava. A obra toma quase três anos. Durante este tempo mora com a família na casa sita à esquina das ruas Marechal Floriano e Treze de Maio.
Anna de Assis e filhos no quintal de casa
Ao tempo, sua família restringe-se a Euclides da Cunha, à esposa e a dois filhos. Seu terceiro filho, o rio-pardense Manuel Afonso, nasce em janeiro de 1898.
Cabana de zinco Para que possa dedicar-se mais acuradamente a seu trabalho, ordena a construção de uma cabana de zinco e sarrafos próxima do local da ponte metálica, local onde foi escrito o livro "Os Sertões".
Hoje, vale ressaltar, esta cabana de zinco, protegida desde 1928 por uma redoma de vidro, é monumento histórico nacional desde 1937.
Francisco Escobar, o principal interlocutor de Euclides da Cunha quando esteve em São José do Rio Pardo, era então o intendente, o prefeito em exercício da cidade ao tempo.
Primeira edição de "Os Sertões" Valia-se de suas anotações de campanha para dar forma final a "Os Sertões" enquanto supervisionava a reconstrução da ponte metálica sobre o rio Pardo. Os rio-pardenses, em geral, são capazes de reflexões sobre a bio-bibliografia euclidiana a qualquer momento.
Concluído o trabalho da ponte, é promovido e vai para São Carlos do Pinhal, de onde acompanha a primeira edição de "Os Sertões", só se tranqüilizando quando recebe comunicado dando conta de que o livro estava pronto, o que acontece via postal, em fins de 1902. Tendo em vista o primor de seu trabalho cultural e a proximidade histórica dos eventos ali narrados, Euclides atinge súbita e imortal notoriedade sendo eleito, já no ano seguinte, para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e para a Academia Brasileira de Letras.
Grupo de pessoas em torno da cabana de zinco no início do século) - A Semana Euclidiana realiza-se em São José do Rio Pardo desde 1912.
A primeira manifestação pública ocorre quando um grupo de admiradores e amigos de Euclides da Cunha ("POR PROTESTO E ADORAÇÃO", como diz Alberto Rangel) desloca-se até a cabana de zinco e sarrafos às margens do rio Pardo, ali prestando uma homenagem ao amigo ausente, no dia 15 de agosto.
Lei Municipal decretando o feriado do dia 15 de agosto em 1930 Esta primeira manifestação, que tem-se repetido anualmente no dia 15 de agosto, mostrando uma tradição muito bem estruturada, é o núcleo, o cerne da Semana Euclidiana. Desde 1925 lei municipal estabelece feriado 15 de agosto - "Dia de Euclides". Das primeiras reuniões anuais, sempre acompanhadas de conferências proferidas por pessoas renomadas que em seus discursos fazem referência à vida e à obra de Euclides da Cunha, pouco nos restou hoje senão escassas fotos, anotações e muita memória. Nomes esparsos de pessoas que, verdade ou lenda, teriam passado por São José naquelas primeiras manifestações podem ainda ser encontrados em São José, na Casa Euclidiana. Até o ano de 1932, portanto, somente o dia 15 de agosto foi o centro da memória de Euclides da Cunha em São José do Rio Pardo.
Medalhão em bronze com a efígie
de Euclides da Cunha
Fachada do Hotel Brasil
Museu Rio-pardense
"Arsênio Frigo"
A cabana de zinco com a redoma e o
Recanto Euclidiano hoje
Em 1982 os restos mortais de Euclides da Cunha e de seu filho Euclides da Cunha Filho foram trazidos do cemitério São João Batista (no Rio de Janeiro) a São José do Rio Pardo compondo o traço mais recente deste monumento cívico. Era prefeito à época o dr. Richard Celso Amato. Esta composição ponte, cabana de zinco, medalhão e o mausoléu (foto) onde descansam os restos de Euclides e de seu filho está no Recanto Euclidiano, visitado anualmente por milhares de pessoas. Mausoléu
Maratona Intelectual Euclidiana
Dirigida aos jovens secundaristas, a Maratona Intelectual Euclidiana faz-se realizar desde 1940 e o vencedor de 1941 e 1942, o até hoje imbatido bi-campeão Antinarbi Padilha Filho(74) participa dos eventos da Semana. Na Casa Euclidiana podem ser encontradas conferências proferidas de 1936 (Pedro Calmon) até 1997 (Berthold Zilly).
Nomes de expressão cultural internacional encontram-se entre aqueles que proferiram conferências oficiais; a título de curiosidade arrole-se alguns, como Afonso Arinos de Mello Franco (1940), Menotti del Picchia (1944), Cassiano Ricardo (1947), Plínio Salgado (1953), Alceu Amoroso Lima, o "Tristão de Athayde" (1957), José Calasans Brandão da Silva (1965), Dante Moreira Leite (1974), Francisco Foot Hardmann (1989) e Roberto Ventura (1995).
A Casa de Cultura Euclides da Cunha
de São José do Rio Pardo e emblema da Secretaria de Estado da Cultura
Placas de bronze indicando os tombamentos
Dali para cá, em espirais crescentes, ocorre oficialmente o tombamento do prédio pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) em 1973, sendo que o local foi reservado para sede deste culto cívico desde 1946. A ponte metálica, patrimônio histórico, foi oficialmente tombada em 1986. Desde aquele momento passou a Casa de Cultura Euclides da Cunha a ser um órgão da Secretaria de Estado da Cultura.
O movimento euclidiano, dadas as características que adquiriu ao longo do tempo, para além do culto à vida e memória do principal intérprete da realidade nacional, constitui-se hoje de fato e de direito no mais importante e sem solução de continuidade desde 1912 movimento cívico-cultural brasileiro. Desde 1995 a participação ativa e o apoio do Ministério da Cultura tem sido fator de maior relevância à sua preservação. Neste ponto ressalta-se o reconhecimento que o poder público federal presta à sua existência.
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