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atas da
Livro 1º: 1887 a 1895 Há muito tempo, alguém, que infelizmente não me recordo, entregou-me uma preciosidade: o primeiro livro de atas da Società di Mutuo Soccorso 20 Settembre, vindo de fora. Teria sido enviado pelo Sr. Giuseppe Liberali, o Bepe Mussolini, que, burlando a repressão e a discriminação aos italianos durante a Segunda Guerra Mundial, teve a coragem de esconder e preservar tal relíquia? Folheei-o. Fiquei surpreso e orgulhoso ao ver a assinatura do meu avô, também Rodolfo, encerrando as atas de muitos anos, como secretário da sociedade. É um livro encadernado e conservado, inteiro, com capa avermelhada, 300 páginas, manuscrito, redigido em italiano, com conjuntos de letras diferentes, devido aos vários secretários. Na primeira página, o termo de abertura tem importante observação: "Società di Mutuo Soccorso 20 Settembre - fondata in São José do Rio Pardo – Brasile – in Agosto 1886". A primeira ata, página 3, tem a data de 5 de junho de 1887, e parece-me ser seqüência de alguma outra, mas o termo de abertura põe em evidência: "Libro 1º ". A última ata é de 19 de abril de 1895, página 389. Entreguei o livro raro e histórico ao Centro Cultural Italo-Brasileiro. Anos depois, voltei a folheá-lo. Comecei a ordenar, alfabeticamente, os nomes dos italianos sócios, dos não-sócios, e dos brasileiros que prestavam serviços à sociedade, bem como os sócios beneméritos e honorários: 390 italianos e 50 brasileiros.
Alguns acontecimentos aguçavam minha curiosidade de contador de histórias: a chegada da ferrovia em 1887; a defesa aos colonos judiados e explorados; a assistência médica e farmacêutica aos sócios e colonos sem recursos; a entusiasmada participação dos sócios em festas italianas e brasileiras, cívicas e religiosas, com música e bandeiras; as escolas italianas e os professores da sociedade; a conquista do terreno da sede e a compra de um outro para aumentar o espaço; a epidemia de varíola de 1891... Pena que este livro de atas tenha sido encerrado em 1895, antes do início da construção da ponte metálica (1896), na qual quase todos os operários eram italianos, alguns desaparecidos nas águas do Rio Pardo... Pena que ficou na história da "Società" um grande vazio de 43 anos, pela perda de outros livros de atas, que só voltaram a relatar acontecimentos em 1939, mesmo atravessando a 2ª Grande Guerra. Eu o li, inteiro, conseguindo, a duras penas, decifrar o quase ilegível, e em italiano, armazenando arquivos no computador que, de repente, por uma falha mecânica, me fez perder tudo... Hoje (3/5/1999), novamente, estou revendo o livro do século passado, repositório da memória da saga italiana, tendo a companhia de centenas de imigrantes italianos, de brasileiros e de fatos dele saídos... Os sócios eram moradores da cidade; os poucos colonos tinham diante do seu nome uma observação, como esta da página 244: "Furono presentati due demande d’ ammissione, una di Giovanni Baroni e un’ altra de Pietro Bartoletti (ambi coloni)". Poucos eram os de distritos vizinhos, como Francesco Furlano, Antonio Passarello, Charco Passarello, Luigi Collandrea, Lazoppo Vincenzo, Giovanne Pasquale, Gaetano De Santis, todos de Rio Verde, hoje, Itobi, admitidos entre maio e setembro de 1893. Mulheres e crianças eram, também, sócias contribuintes: Angela Santini, Giuseppa Giuliani, Madalena Delia, Maria Rondinelli, Massimina Giannelli Del Guerra, Virginia Bergo Ceravolo. Os sócios beneméritos brasileiros eram quase todos fazendeiros, patrões de colonos italianos: Ananias Barbosa, Ten. Cel. Antônio Marçal Nogueira de Barros, Antônio Pantaleão Soares, Elisiário Luiz Dias, Félix Ribeiro da Silva, Francisco Soares de Camargo, Honório Alípio Machado (grafado "Masciato"), Honório Luiz Dias, Major José Antônio de Lima, Dr. José da Costa Machado e Souza, Manoel Corrêa de Souza Lima, Manoel Francisco Ribeiro Júnior. Darei aos leitores uma visão geral desse primeiro livro de atas, comentando-o por assuntos.
Anos 40. Família Rondinelli: 13 filhos: 10 homens e 3 mulheres. Da esquerda para a direita. Em pé: Horácio, Esther, Catarina (atrás), Monsenhor Guilherme Arnold (amigo), Sílvio, D. Maria (a matriarca), Nhonhô, Belini, Isabel (Nenê), Maria (nora, atrás), Guido e Luiz Greco (amigo da família). Na frente, sentados: Benjamim e Galileu. Domingos está na frente, em pé. Faltam os filhos Cornélio e Chiquinho.
Família de Alberto Landini. Da esquerda para a direita. Todos têm o sobrenome Landini. 1ª fila: Itália, Mário, Maria Anina Vidiri Landini (a mãe), Ítalo, Alberto Landini (o pai) e Adolfo. Atrás: Ignês, Albina, Lourenço, Frederico (Alemão), Carlos (Carlito) e Galileu. Não estão na foto: João (Joâni) que estudava em São Paulo, e Alberico: seminarista.
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