Apresentação

Em abril deste 1999, um jantar reuniu amigos, colaboradores dos jornais locais e das cidades circunvizinhas. Entre os vários assuntos desinteressantes, um veio aguçar meus sentidos e minha memória: a saga italiana na nossa região que, além de me arrebatar, entusiasmou o amigo Luiz Ricardo Pisani.

Este me relatou fatos e histórias italianas das suas raízes e da sua Mococa.

O heróico movimento italiano rio-pardense, que nos legou o "Fascio", hoje "Centro Cultural Ítalo Brasileiro", e o "Cine Teatro Colombo", um conjunto arquitetônico belíssimo, de provocar inveja nos moradores de outras cidades interioranas, também, foi tema de longa conversa.

Pisani, ratificando a opinião geral da imponência do edifício do CCIB, fez uma observação: "(...) uma sociedade tão ativa, que preserva com carinho sua história e sua cultura, que faz festas memoráveis, não tem um folheto apresentável de sua história e de seus feitos, para oferecer a um interessado visitante (...) ".

Esta observação foi um sopro que balançou meus brios de empírico pesquisador e que provocou o nascer deste livro.

Trabalhando dez horas por dia, durante mais de dois meses, li textos, recortes, jornais, revistas, livros de História e de atas, revendo centenas de fotos. Animei-me. Comecei a redigir este trabalho, ficando centenas de horas diante da tela do computador, podando trechos e enxertando outros nas orações já prontas.

Ao escrever, dentro de um contexto histórico, não me ative, apenas, à beleza arquitetônica e à dinâmica sociocultural contada através das atas do, hoje, Centro Cultural Ítalo-Brasileiro, que já teve outros três nomes e cujos sócios desenvolveram três ideologias, passando de orgulhosos e inflamados monarquistas protetores dos colonos, a ideólogos da ditadura fascista e, por fim, fazendo cumprir seu objetivo social e cultural, com veladas atividades filantrópicas. Extrapolando, adentrei o mundo de outros grupos de italianos radicais, socialistas e, por isso, antimonarquistas, antifascistas, anticlericais, que fundaram clubes socialistas, tentando agregar e doutrinar o proletariado da cidadezinha.

Infelizmente, neste trabalho, há um vazio impreenchível de 43 anos de histórias do, hoje, CCIB, causado pela perda dos livros de atas, certamente destruídos durante a 2ª Guerra Mundial. Desse período (1895 a 1938), poucas e lacônicas são as notícias dos jornais rio-pardenses e raros foram os relatos orais.

Agradeço à Profa. Carmen Cecília Trovatto Maschietto a leitura do texto; ao Prof. Márcio José Lauria a leitura e revisão, e a pacenciosa revisão tipográfica de Abelardo Luiz de Morais.

Agradeço, também, o patrocínio do Centro Cultural Ítalo-Brasileiro e da Companhia Paulista de Energia Elétrica, que sempre prestigiam a divulgação da nossa provinciana história, que se faz universal.

Rodolpho José Del Guerra
São José do Rio Pardo, junho de 1999.

 

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