O tradicional piquenique rio-pardense é italiano

Até hoje, a alvorada do 1º de Maio, com foguetório e a banda tocando o belíssimo Hino do Trabalho, do deputado italiano Felippe Turati, que o dedicou ao Partido Socialista e que lhe valeu uma prisão domiciliar de quatro anos, emociona.

Diferentes de todos os moradores de outras cidade, nós, rio-pardenses, relacionamos o 1º de maio com piquenique. Ainda hoje, depois do primeiro convescote de 1905, famílias inteiras, com matula, saem para o campo, para a montanha, ou para a beira do rio para passar um dia diferente, em contato com a natureza, longe da televisão e das preocupações corriqueiras. A tradição, embora enfraquecida, mas preservada, teve início com os imigrantes italianos, fundadores e membros do socialista "Club Democrático Internacional Filhos do Trabalho". Além de alvoradas, passeatas, palestras, conferências, eles reuniram seus familiares e confraternizaram-se num piquenique, no 1º de maio de 1905, o que virou tradição.

 


Piquenique em 1º de maio de 1918, na Ilha São Pedro. Alguns participantes identificados são das famílias: Bergamasco, Bertocco, Bontempi, Cerávolo, Cogato, Innarelli, Tessari...

A primeira notícia de um piquenique em São José, em 1905, consta de uma acusação de Vittorio E. Filopanti a Paschoal Artese pelas páginas do jornal O Rio Pardo, de 20 de maio de 1906. O agrimensor Filopanti cita o piquenique de 1905, no qual Artese comentou aos seus camaradas a morte do Capitão Vicente Dias, dizendo que "era falecido um escravagista, um burguês, opressor da humanidade (...). Este ano, que a fatalidade golpeou novamente a família Dias, a opinião de Paschoal Artese mudou-se a esse respeito, porque os irmãos Dias encarregaram-no para fazer o caixão mortuário e o catafalco (...)".

Em 1906, embora desagregando-se, o "Filhos do Trabalho" promoveu a festa com alvorada e piquenique no alto do Bom Sucesso.

"O piquenique de 1907, na Vila Mariana, foi pouco concorrido devido a chuva, que também não permitiu a realização da conferência no Teatro".

Em 1909, extinguiu-se o rio-pardense Club Democrático Internacional Filhos do Trabalho, que nos deixou um forte traço cultural, iniciado por italianos, que nos diferencia das demais culturas: o piquenique do 1º de maio.

 

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