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Coluna
Semanal Como muitas famílias entraram no meu livro
Muitos de vocês devem ter se interrogado o por que do nome da sua família não estar relacionado no meu livro. Algumas pessoas, delicadamente, pediram-me explicações; outras esbravejaram conversando com terceiros, meus amigos. As explicações estavam no agradecimento que fiz, na festa do CCIB, antes do lançamento do meu livro, publicado nesta coluna há dias. Tento novos comentários sobre o assunto. Durante mais de uma década de pesquisas, mergulhando no passado, no mar de páginas amarelecidas de livros de atas, documentos da Câmara e particulares, jornais, etc, eu tudo anotava num livro com índice: diretorias das sociedades italianas, mais de 500 nomes de sócios, as suas manifestações de proteção aos colonos, os seus movimentos filantrópicos, sociais, culturais, e ideológicos: monarquistas, republicanos, fascistas, socialistas... Paralelamente, há quase duas décadas, o grupo "Amigos da Cidade" iniciou uma campanha para a preservação da memória iconográfica (fotográfica) de São José. Foi um sucesso. Dois anos depois, o grupo hibernou, mas as doações continuaram. Daquela centena de fotos iniciais, temos, hoje, mais de doze mil, arquivadas por assunto. Na pasta "Sociedades italianas", estão mais de 150. De repente, senti que deveria perpetuar todas essas informações e quase a totalidade das fotos arquivadas, referentes aos italianos e sua saga. Isolei-me. Durante meses de trabalho intenso, vivi no passado, na São José do final do século aos anos 30, cercado de imigrantes italianos da cidade e do campo, de fazendeiros, capatazes, comerciantes, de líderes monarquistas, republicanos, socialistas... Assisti à chegada dos italianos, participando das suas lides, do seu ideal, dos seus sucessos e fracassos, da sua influência na transformação física e cultural da cidade... No desenrolar da história, precisei parar muitas vezes e procurar informações com filhos ou netos de personagens indefinidos: preciosos depoimentos! E com as informações orais, de documentos e fotografias, fui montando o livro que mais e mais me entusiasmava. Muitas vezes eu me recriminei pela falta de tanta gente e de tantas historias sem comprovação... Mas sem documento não se faz a história e por esse motivo, não retratei nem mesmo meus ancestrais maternos. Não seria possível conhecer a história e fotografias de 75 a 80 por cento da população rio-pardense, cujas famílias descendem de italianos... Mas, num período de 17 anos, muitos destes descendentes ofereceram ao Museu fotografias familiares, depois de publicadas na minha seção de Gazeta, que tem por objetivo resgatar a memória da cidade. Essas fotos, que estavam à minha disposição, passaram às páginas de "A São José, una nuova Storia". Para não aumentar demais o número de páginas e evitar o encarecimento da edição, deixei de registrar mais de 700 sobrenomes italianos, registrados até os anos 40 em livros de atas e nos registros de algumas fazendas que conservaram documentos. Ainda continuo a pesquisar dezenas de livros da Vila Costina e pretendo, enquanto lúcido for, recolher os nomes italianos de outros livros de fazendas que me chegarem às mãos, bem como os nomes registrados nos livros de nascimento, casamento e óbito do Cartório de Registro Civil e da Igreja Matriz. Um dia, poderei continuar essas "storias", se vocês mas contarem e me ajudarem. 25/ 10/ 1999. |