De hoje, de sempre
* Não se sabe o que foi pior: se o Sarney falando de Euclides da Cunha e de Rio Preto (a cidade-berço de Os Sertões) ou Suplicy aparteando (ou melhor dizendo: atropelando) o Sarney. * Alguém já terá apresentado na tribuna do Senado Federal algo mais inesperado do que o cartão vermelho que o Suplicy aplicou ao Sarney, ao Heráclito Fortes? * Este ano do centenário da morte de Euclides vem mostrando como ele tem inimigos bem disfarçados de críticos e admiradores. * Brazil é um erro de português. · Experiência... De que adianta sua experiência na velhice? Experiência é uma espécie de pente que nos chega quando já estamos carecas. · Sinceramente, se eu soubesse com exatidão o que estou fazendo, isso não seria uma investigação, não é mesmo? · Como não se cansava de dizer o embaixador americano: “Calma, que o Brasil é nosso · O amor é como o fogo. Os que estão fora dele logo percebem a fumaça. Só os que estão dentro sentem as chamas. · Amigo autêntico é o que sabe tudo a teu respeito e continua sendo teu amigo. · Pessimista: um dia menos na vida. Otimista: mais um dia vivido. · A morte está tão segura de vencer-nos, que nos dá toda uma vida de vantagem. · O difícil não é chegar ao cimo. Difícil, mesmo, é deixar de subir. · Não avalies teu dia por quanta coisa conseguiste recolher; pensa, antes, em quanta semente espalhaste. Aí está um belo consolo para quem chegou à velhice com as mãos abanando. · Não há fealdade na natureza. Ela só existe aos nossos olhos. É o que justifica o amor das corujas aos filhos. · A fé que não duvida é fé morta. Mas é preciso duvidar com fé. · O ideal de muito fotógrafo é possuir a melhor máquina para tirar fotografias de miseráveis. Ainda mais que as câmeras digitais minimizaram o preço das tentativas frustradas. * Há pessoas que se julgam honestas só porque não sabiam das falcatruas em andamento. Na maioria das vezes já não terão como recuperar o tempo perdido. Afinal, as grandes mamatas exigem grupos fechados em tempo hábil. · A honra é como os fósforos: serve apenas uma vez. Isso explica por que tantos usam isqueiros.. · Ilusão de pessoas antigas: achar que tudo o que se tem sido feito, pensado ou lucrado se acha nas páginas de livros. Nem o Google consegue tudo isso. · Antigamente se comprava uma enciclopédia e se ganhava uma bela bíblia de presente. Hoje é o contrário, Não há enciclopédia que em seis meses não esteja ultrapassada. · A palavra falada é como uma abelha: tem mel e tem ferrão. Por vezes faz estragos desproporcionais ao tamanho da frase. · Quando escrevemos em prosa, quase sempre dizemos o que pensamos. Quando escrevemos em verso, dizemos o que estamos obrigados por nós mesmos a dizer. Muitas vezes nem sabemos exatamente o que nossos versos dizem. Aí eles nos surpreendem pela profundeza do pensamento. · Definição de rã: réptil de pernas comestíveis. Ninguém diz que rã tem coxas nem que galinhas têm pernas. · Radical é o homem com os dois pés firmemente plantados no ar. Alguns dão a esses bravos lutadores o apelido de nefelibatas. Isso era pouco quando se tratava de Euclides da Cunha. Tanto que o chamaram de nefelibata científico. · Saudosista é o louvador do tempo passado. Só vê qualidades nas carruagens, nas lamparinas e nas sangrias desatadas. Há aqueles que só veem acertos nas coisas que pensam ter construído. · Uma princesa italiana do século XVII, tomando sorvete na tarde calorosa, pensou: “Que pena que isto não seja um pecado!” Esse fio de pensamento hoje se solidificou na triste comprovação de que o ser gostoso anda de braços dados com o fazer mal, o engordar ou o ser pecado. · Quanta gente quis suicidar-se e se contentou em rasgar a própria fotografia! Pior é querer matar o pintor metendo bala na tela. · Um sábio tolo é mais tolo do que um tolo ignorante. · Afinal de contas, o trabalho é ainda a melhor maneira de escamotear a vida. · Quantas pessoas se julgam virtuosas por serem fechadas, e razoáveis por serem tediosas. São condensações perfeitas de duas personagens de Eça de Queirós: o conselheiro Acácio e o respeitabilíssimo Pacheco. · São muitos os homens que, descontentes de si e não sabendo viver sós, importunam e incomodam os outros com visitas sem prévio aviso. · Tentemos viver de tal maneira que, quando tivermos de morrer, até o dono da funerária fique triste. · Quanto mais se vive, menos se aprende a viver. Não há prova em contrário desta afirmativa. · É preciso distinguir entre vontade e constância. O alcoolismo não representa um exemplo de vontade, assim como o sedentarismo não é o elogio da constância.. · Os esforços de vulgarizar a ciência têm-na vulgarizado, com efeito, mas no pior sentido da palavra. E, como se desconfiava há muito tempo, meia verdade é o mesmo que meia mentira. · Quem mata o tempo não é um assassino, é um suicida. · As más orquestras executam Beethoven para saber se ele é realmente imortal.
· Em muitos homens a palavra precede o pensamento. Eles só sabem o que pensam depois de ter ouvido o que dizem. E como se espantam! · As palavras são obras de arte que tornam a ciência possível. As palavras são abstrações que tornam possível a poesia. As palavras significam a recusa do homem em aceitar o mundo como está. E Shakespeare falou mal das palavras dizendo com certo desdém: words, words, words... · Se as criaturas humanas tivessem sensibilidade, jamais se ririam dos humoristas. Para boas risadas bastam os economistas e os analistas do tempo. · Em vez de liberdade de imprensa, os governos gostam mais da liberdade de imprensar. Mas duro, mesmo, é imprensar a internet. · Em tempo: estas frases não provocam efeitos colaterais.
29/08/2009
|