Coisas nossas

 
Primavera na praça.

 

Praça maltratada

· Anda muito ruim o aspecto da Praça XV de Novembro, o miolo de nossa cidade e merecedora de   permanente tratamento do cartão-postal que de fato é.

 Além das marcas muito visíveis do vandalismo noturno, com bancos arrebentados, bebedouros inutilizados, piso maltratado,  outros sinais de abandono e decadência se avolumaram nos últimos tempos.

·  Pior de tudo, a cratera que se abriu com a demolição de velha  casa, na esquina com a Rua Ananias Barbosa. Logo depois de posta abaixo, alguém mandou cercar o terreno vago com  um tapume até que de aceitável aspecto, mas de extrema fragilidade. Tanta, que dias depois uma daquelas peças de compensado foi danificada; mais uns dias e o pequeno dano virou enorme buraco. Daí para a frente, já se viu. O terreno baldio tornou-se ponto de encontros da pior gente e variados fins. A  pedido dos vizinhos, o tapume todo foi retirado e o que hoje (dia 24 de outubro) se vê é a triste imagem do desleixo.

· Poucos metros acima, outra  desídia de fazer dó: o prédio onde funcionou por muitos anos a Caixa Econômica Federal está com  sua parte fronteiriça em total abandono, arbustos jogados à própria sorte, porque ali nem chove. A pequena entrada ajardinada virou sujo e malcheiroso ponto de encontro de desocupados (ou muito ocupados), além de servir como local  de desaperto das necessidades corporais .

·  Do outro lado da praça, a interminável construção de um estacionamento, parece que largada ao meio.  Sua entrada está precariamente vedada por tábuas, sua calçada cheia de buracos. Uma lástima.

·  Ora, dirão, e daí?  Daí pergunto eu. Nem tudo o poder público tem de fazer, mas é seu dever zelar pela aparência e funcionalidade dos locais públicos e compelir os proprietários de imóveis particulares a cuidarem do que lhes pertença.

·  Ah, vereador também pode tratar desses pequenos assuntos, que se não dão votos, integram o variado elenco de suas atribuições legais. Quando menos, um deles pode entrar com indicação sugerindo ao Executivo que mande  alguém dar uma olhadela  em nossa praça principal,  nem por isso convenientemente tratada.

 

A festa da ARPA

É sempre bom rever amigos e colegas de recuadas épocas e comprovar que o tempo, de modo geral, a ninguém perdoa. Claro que as mulheres se cuidam mais e seus rostos se apresentam menos vincados, seus cabelos menos encanecidos, sabe-se lá por quê! Bom conversar com José Adolpho Bagodi, Râmisa Jorge, Rodolpho Del Guerra, Chico Braghetta, Benedito e Elza Minussi, Nair Raddi, Maria Luiza Menezes Landini, Sônia Moreira Junqueira, minha irmã Maria Thereza, entre tantos outros. E colegas de Escola Normal: Nicinha de Assis, Lourdinha Feijão, Guilherme Bianchin. Quantos ex-alunos já aposentados também – o que faz lembrar que muitos de nós já temos anos de aposentadoria suficientes para darmos prejuízo ao Estado, por causa de nossa longevidade mal paga.

Das três professoras homenageadas este ano por Enedina Aguiar e sua equipe, uma delas me fala mais de perto, porque  colega por muitos anos no “Euclides da Cunha”: Maria Aparecida Siqueira, mestra de Geografia. Durante o agradável tempo da reunião, ouvi pessoas falar bem de Cida e relembrar sua didática, sua disciplina, seus métodos de trabalho com os alunos, suas permanentes cobranças de estudo, de aplicação. Da longa vida do magistério, o que eleva, honra e consola os professores é essa aura de competência, seriedade e dedicação que permanece indelével na memória dos outros. Em seu agradecimento, Siqueira pedagogicamente dividiu com seus alunos a razão de seu êxito profissional, chamando-os de integrantes de uma geração vitoriosa.

 

Se puder, não vá

Está difícil estacionar em quase todas as ruas do centro da cidade? Certamente que sim, mas você sabe que de repente pode surgir uma vaga, se não for sábado de manhã. Afinal, ali pessoas chegam e vão embora com certa rapidez.

Agora, tente encostar  nas proximidades da estação rodoviária. Todas as vagas tomadas. Espere dez minutos, vinte. Difícil alguém sair. E olhe que não são poucas as vagas próximas à plataforma. Além disso, há outras defronte à antiga estação de trens.

Um dia destes, querendo dar um alô a um amigo meu exilado naquela lonjura, não encontrei local para estacionar num raio de duzentos metros, sem exagero.

Ali por perto não há demarcação de zona azul e certamente existem motivos para isso. Dizem que pessoas encostam seus carros logo de manhãzinha, viajam  e só voltam muitas horas depois ou mesmo  à noite. Muito cômodo para elas, péssimo para os outros.

Você imagina ter visto uma brecha meio escondida, aproxima-se e tem uma surpresa: uma moto ocupar o lugar de um carro.

Não haveria como amenizar tanta falta de espaço?

 

O silêncio dos iniciantes

Impressionou-me o clima de consternação no velório e sepultamento de Pedro, jovem de dezessete anos apanhado por uma dessas terríveis contingências da vida: vítima de acidente sem maiores consequências, de repente sucumbe a complicações que ninguém poderia supor.

As centenas de rapazes e mocinhas de sua faixa etária, que lhe foram dar o adeus final, nada mais poderiam fazer que não fosse o silêncio de total incompreensão em face daquela cilada tão abruptamente preparada em questão de horas.

Para muitos deles, a morte do amigo e colega deve ter sido  a primeira vez em que eles tiveram contato com a fragilidade da existência humana, com a pequenez  da vontade das pessoas ante a enormidade do imponderável.

Que palavras poderão amenizar a dor de Jussara, Paulinho e demais parentes?

 

27/10/2012
emelauria@uol.com.br)

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