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Natália Tiezzi

Márcio Lauria falou da atualidade da obra euclidiana na ABL

 

Texto e fotos: Natália Tiezzi

 

 

Na quinta-feira, dia 15 de outubro, professor e euclidianista Márcio José Lauria participou de uma Mesa Redonda sobre o tema "A Atualidade de Euclides da Cunha". O debate, que fez parte das comemorações da Academia Brasileira de Letras ao ano centenário do escritor, ocorreu no ‘Teatro R. Magalhães Júnior", na ABL, no Rio de Janeiro.

 

 

Além do professor rio-pardense, integraram a mesa o Presidente da Academia, Cícero Sandroni; a professora e Socióloga Gláucia Villas Boas, o sociólogo e pesquisador José Arthur Rios, e o acadêmico da ABL Alberto Venâncio Filho.

 

Também representaram São José do Rio Pardo na ocasião, além de Lauria, o prefeito João Luís Cunha acompanhado pela primeira-dama, Osana Cunha; o vice-prefeito José Carlos Zanetti e a esposa Lúcia Zanetti; a diretora de Cultura do Departamento de Esportes e Cultura, Lúcia Vitto, acompanhados por membros do Conselho Euclidiano e convidados.

 

Para Marcio Lauria, o tom das comemorações ao centenário da morte de Euclides constitui por si mesmo a prova maior de sua atualidade. Entre as atualidades da obra euclidiana, o professor citou o conflito de Canudos. "Todas as mazelas postas à meridiana claridade pelo escritor em ‘Os Sertões’ fazem da obra algo de preocupante atualidade, porque muitas delas não apenas persistiram, mas ganharam contornos mais amplos como as secas, as migrações internas, as desigualdades regionais, as injustiças na posse da terra, entre outras de soluções muito mais complexas".

 

O professor também citou a atualidade de  "Contrastes e Confrontos" e "À margem da História", nas quais Euclides falou sobre a ecologia, termo tão utilizado atualmente em diversas áreas de discussão. "Euclides exercitou permanentemente suas intuições ecológicas, antecipando-se a tudo que, tempos depois, seria a maneira correta de abordagem dos problemas do relacionamento do homem com a Terra, inclusive no que diz respeito à conservação do solo, principalmente pela percepção de mudanças climáticas provocadas pelas queimadas, que, hoje, com a combustão dos canaviais, o nível da poluição e secura do ar vem atingindo altos índices", observou.

 

Por fim, Lauria também fez menção às páginas de ‘Um paraíso perdido’, em que Euclides estudou a Amazônia. "Mais de um século decorrido, a viagem do escritor às cabeceiras do Alto Purus é repetida, este ano, por um jornalista. Em linhas gerais, nada mudou no panorama dos rios, que continuam em abandono, com populações ribeirinhas à mercê da própria sorte, como já notara Euclides naqueles tempos passados".

 

Lauria encerrou sua participação dizendo que, "em suma, mesmo num futuro quiçá longínquo, quando os problemas suscitados por Euclides da Cunha há mais de 100 anos tenham alcançado soluções definitivas, nem por isso seus livros perderão o impacto de perenidade, inclusive por sua poderosa transfiguração verbal a serviço do Brasil, pois seus escritos são dotados da mais edificante função exercida pela palavra escrita – a de sincronizar o leitor de todas as épocas na percepção dos sofrimentos que marcam a passagem do homem sobre a Terra".

 

 

ABL doou R$ 10 mil à Maratona Euclidiana

 

Durante a passagem pela ABL, onde a comitiva rio-pardense foi recepcionada com um chá de boas-vindas que contou com a presença também de acadêmicos, o presidente Cícero Sandroni entregou ao prefeito João Luís Cunha um cheque no valor de R$ 10 mil doado pela Academia, que será utilizado na premiação dos maratonistas vencedores da Maratona Euclidiana deste ano, cujos prêmios serão entregues durante a 98ª Semana Euclidiana em 2010.

 

"Senhores e Senhoras, a Academia fica satisfeita em poder contribuir com um evento cultural de tamanha grandeza como é a Semana Euclidiana. Fiquei maravilhado com o que vivenciei em Rio Pardo na última semana. Todos estão de parabéns pelas excelentes atividades realizadas", destacou Sandroni.

 

"É com imensa satisfação e alegria que recebemos esta doação da ABL, a qual servirá também de incentivo para que os jovens participem dos Ciclos de Estudos aprendam e disseminem, cada vez mais, a obra euclidiana, mas, principalmente, faz com que São José do Rio Pardo estreite ainda mais os laços com a Academia", destacou João Luís.

 

Após o chá, todos foram conhecer cada ponto da ABL e tiveram ricas informações sobre os espaços, sobretudo as bibliotecas e as relíquias mantidas no local.

 

 

 

 

Recepção foi calorosa no Rio de Janeiro

 

Na manhã de quinta-feira, antes da visita à Academia, a comitiva rio-pardense foi recepcionada no Rio de Janeiro por Cícero Sandroni, quel levou todos para conhecer a belíssima casa onde residiu o jornalista e Acadêmico Austregésilo de Athayde e sua família, de 1943 a 1993. A esposa de Sandroni, dona Laura, filha de Austregésilo contou, com detalhes, sobre a reforma no Casarão, localizado no bairro do Cosme Velho, que começou em 2004. "A idéia era transformar este lugar num Centro Cultural e foi o que conseguimos. Atualmente, recebemos um grande contingente de visitantes, ministramos cursos e atividades culturais, inclusive o espaço também é utilizado para apresentações de peças teatrais", informou dona Laura.

 

Durante a visita foi oferecido um café da manhã à comitiva rio-pardense pelo casal anfitrião.

 

"Esperamos poder contar, novamente, com a visita do casal em São José e agradecemos pela receptividade para conosco", disse João Luís.

 

 

Exposição

 

Antes da realização da Mesa Redonda, a comitiva rio-pardense pode conferir a exposição ‘Euclides, Um Brasileiro’, que também está sendo realizada pela ABL, em seu Centro Cultural. A mostra reúne documentos, fotos, vídeos e livros que descrevem um pouco da história do jornalista e escritor.

 

A intenção é que a exposição, que foi muito apreciada por todos, seja exposta também em São José.

 

 

24/10/2009

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