Das voltas do mundo

 
O apurado olhar fotográfico de Maria Luísa Zulli

 

LIÇÃO DE CASA MUITO CAPRICHADA

Os administradores, os políticos, as entidades organizadas da cidade cumpriram com eficiência os papéis que lhes cabiam nas movimentadas horas em que aqui esteve o governador Alckmin. Nem poderia ser de outra forma. Afinal, viveu-se a rara oportunidade de presenciar uma boa colheita de frutos:

A inauguração do prédio da ETEC Paula Souza tem, na minha perspectiva, importância só comparável à do então Gymnasio do Estado Euclydes da Cunha. E isso foi em 1936, há mais de setenta e cinco anos. Nesse largo período, nenhum governo estadual investiu maciçamente nesta cidade, no campo da educação. Tanto isso é verdade que até hoje todo o progresso verificado no âmbito escolar de nível mais elevado é resultado da iniciativa particular ou da própria administração municipal. Reconheça-se a importância desses esforços, mas se torna imperioso que o estado de São Paulo se faça mais  presente na vida local, criando oportunidades para a fixação de jovens na própria cidade, através da obtenção de credenciais que os habilitem na disputa de bons lugares e nas múltiplas oportunidades que a tecnologia moderna descobre e amplia a cada momento.

Perdida a batalha para a obtenção de um câmpus da UNESP, que saiu mesmo para São João da Boa Vista, os esforços gerais se devem concentrar (acredito eu) na evolução da Escola Técnica de São José do Rio Pardo para uma FATEC, ou seja, Faculdade de Tecnologia, como já aconteceu em dezenas de cidades paulistas. A luta continua!

 

O EMPENHO EM FAVOR DA PONTE FOI EXEMPLAR

Uma vitória coletiva a liberação de substancial verba para completa reforma da ponte metálica construída por Euclides da Cunha no longínquo ano de 1901. Nesses quase cento e onze anos de vida útil, a irmã gêmea de Os sertões recebeu bem menos cuidados do que mereceria não apenas como via de ligação, mas principalmente como símbolo da presença do grande escritor nesta cidade e da perenidade de sua obra.

Claro que cada facção, que cada entidade pública ou particular podem e devem exaltar sua contribuição, no modo de convocar o povo, movimentar órgãos específicos, reivindicar o uso de tantos meios de comunicação, sensibilizar lideranças. Foi mesmo uma  feliz união do que a cidade tem de melhor.

Solicitado pelo secretário da Habitação, nosso conterrâneo Sílvio Torres, lá fui eu ao Recanto Euclidiano para participar do ato público de liberação da vultosa verba estadual de dois milhões e sessenta e oito mil reais, quantia que se espera seja suficiente para a histórica ponte voltar a sua completa normalidade de uso. O que eu não imaginava era a tarefa de que Silvinho me incumbiria: explicar em poucas palavras ao governador Alckmin o sentido simbólico da cabana de  Euclides, neste ano em que se lembra o centenário das ininterruptas comemorações euclidianas de São José do Rio Pardo.

Em seguida a isso, enquanto o governador dava entrevista coletiva, pude sentir de perto a euforia do prefeito João Luís Cunha, triplamente satisfeito, porque além da inauguração da ETEC e da liberação de ansiada verba para a ponte, ainda na véspera tinha visto concretizar-se a viabilização do seu mais importante projeto administrativo - a ordem de serviço da Caixa Federal à empreiteira vencedora da concorrência, para o início dos trabalhos da completa modernização do serviço de coleta e tratamento de todo o esgoto da cidade. O equipamento que aqui será instalado terá condições de acompanhar por muito tempo o crescimento da demanda local.

 

Romário já não é o mesmo

Sabe como é: nem todas as pessoas que se apresentam como corajosas no falar e no escrever precisariam de fato ter coragem, isso porque no mais das vezes apenas são destemperadas, recalcadas, infelizes de muitas formas.

Daí a boa surpresa causada por longa entrevista dada por Romário à revista Veja, datada de 21 de março de 2012. Isso mesmo, por Romário, aquele atacante baixinho e brigão que brilhou no futebol mundial, hoje deputado federal com os quase cento e cinquenta mil votos que lhe cravaram os fluminenses, mais especificamente os cariocas.

Perguntado sobre como é sua vida como deputado em Brasília, sai-se com esta resposta curta e grossa:

Evito frequentar os mesmos lugares que os políticos. Na verdade fujo deles. Com exceção de um ou outro, prefiro esbarrar com essa turma só mesmo nos corredores do Congresso Nacional. De mais de quinhentos deputados, uns quatrocentos não querem saber de nada.

Aí o assunto virou para futebol, Copa do Mundo. Indagado sobre o que muda na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com a renúncia de Ricardo Teixeira, seu presidente quase vitalício, Romário vem com esta:

Não tenho nenhuma ilusão. Trocamos um ruim por outro pior. O novo presidente, José Maria Marin, surrupiou uma medalha dos meninos do Corinthians na caradura. Botou no bolso e levou pra casa.

Ele tem opinião formadíssima sobre o secretário-geral da FIFA, aquele suíço que disse com todas as letras francesas que os brasileiros responsáveis pelos preparativos para a Copa de  2014  bem que merecem um pontapé no traseiro:

Ele foi deselegante e mal-educado, o que não me surpreende, mas está certo no que diz. Nosso atraso é absurdo mesmo.

Também se mostra preocupado  com o andamento das obras em todos os estádios onde deverá haver jogos da Copa:

A Copa até vai sair do papel, mas vão erguer uns puxadinhos aqui, fazer umas maquiagens ali. Tudo mais caro do que deveria, por causa da pressa. Muita gente se beneficiará disso. Pode escrever. Vai chover obra emergencial sem licitação e a corrupção vai comer solta. Como deputado, pretendo acompanhar o processo de perto e escancarar a bandalha.

 

Romário nem parece a mesma pessoa quando fala de Ivy, sua filha portadora da síndrome de Down:

Fiquei em choque nas primeiras horas depois do parto. “Por que  isso foi acontecer logo comigo? O que eu fiz de errado?”

Sei de muitos pais que rejeitam o filho com Down, a ponto de não saírem de casa com ele. Pagam uma babá e deixam a criança de lado, como se não fosse sua.

Depois que comecei a me envolver nesse mundo, descobri umas celebridades que têm filhos assim e nunca trouxeram o assunto à tona.

Nunca escondi a Ivy de ninguém. Ao contrário. É o meu orgulho.

Ninguém na minha  frente nunca teve coragem de manifestar preconceito contra portadores da síndrome. O assunto está aos poucos deixando de ser tabu. É uma de minhas bandeiras no Congresso e em casa.

 

*

 

CARTEIRA DO SUS

Quando li que até o final de abril todos os participantes de planos de saúde deverão ter suas carteiras do SUS,  pensei comigo que viriam maçadas pela frente. Engano ledo e cego. Munido de CIC, RG, certidão de nascimento e prova de residência, fui ao novo prédio da Secretaria Municipal de Saúde e em menos de meia hora estava de posse da tal carteira. Nem parecia Brasil. Tudo simples, rápido, uma beleza, um sopapo na burocracia. Parabéns a quem de direito!

 

24/03/2012
emelauria@uol.com.br)

 

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