Grandes livros de grandes autores

 

 

Mais como exercício de satisfação pessoal do que por qualquer intuito de medir alheios conhecimentos, organizei o que se chama um cânon, ou seja, relação de obras  quem sabe indispensáveis para se ter uma abrangente visão de conjunto dos produtos intelectuais elaborados ao longo de muitos séculos de civilização. Não são, necessariamente, os melhores livros de todos os tempos, mas figuram entre aqueles que dão ao leitor uma calidoscópica visão de mundo. Todos eles têm inegável mérito: alcançaram a atemporalidade.

Começando pela Odisseia de Homero, passando por Roma, pela França, pela Itália, pela Alemanha, pela Inglaterra, pela Rússia, pela Espanha, pelas Américas,  fui arrolando autores e obras que me pareceram da maior importância na história cultural da humanidade. Deixo fora de meu cânon, de propósito, autores que se expressaram em língua portuguesa. Poucos dentre eles, sem dúvida, mereceriam integrar tão seletivo rol. Dos portugueses, entraria  Camões, acompanhado de Fernando Pessoa. Dos brasileiros, Machado de Assis, seguido de Euclides da Cunha ou Guimarães Rosa

Gostaria de ter aberto minha relação universal pela Bíblia, mas esta coletânea de livros escritos a muitas mãos, a se acreditar na inspiração de seus textos, está muito acima da capacidade criativa do homem. Fico, pois, com Homero como ponto de partida, lembrando que ele, tendo vivido no século IX antes de  Cristo, exercia o secundário papel de colecionador de escritos alheios de épocas remotas. Foi um rapsodo cego – o que bem demonstra como são profundas as raízes épicas do imaginário popular.

Mas vamos à relação dos autores e  de suas obras-primas. Depois disso, farei brevíssimo resumo delas e colocarei os respectivos números das respostas. Caberá ao leitor com interesse, tempo e paciência conferir  esses resumos e se avaliar quanto às suas leituras e conhecimentos

 

Relação de obras e autores:

1.  Odisseia, de Homero

2.  Eneida, de Virgílio

3.  Divina Comédia, de Dante Alighieri

4.  Dom Quixote, de Cervantes

5.  O Rei Lear, de Shakespeare

6.  Tartufo, de Molière

7.   Paraíso Perdido, de John Milton

8.   Viagens de  Gulliver, de Jonathan Swift

9.    Fausto, de Goethe

10.  Os Miseráveis, de Victor Hugo

11.  Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas

12.  David Copperfield, de Charles Dickens

13.  Madame Bovary, de  Gustave Flaubert

14.  A Metamorfose, de Franz Kafka

15.  Crime e Castigo, de Dostoievski

16.  A Montanha Mágica, de Thomas Mann

17. O Estrangeiro, de Albert Camus

18. O Velho e o Mar, de Ernst Hemingway

19. Doutor Jivago, de Boris Pasternak

20. Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez

 

Resumos:

A ação deste romance francês transcorre na Argélia. Seu protagonista, homem taciturno que leva vida monótona, condenado à morte por crime cometido sem justificativa alguma, reflete a tese existencialista de que a vida carece de sentido. Daí sua indiferença ao pensar na própria morte. (17)

 Alemão filho de brasileira, este autor reflete no seu mais famoso romance um período de transição entre duas épocas, com o fim dos valores burgueses do século XIX. Sua grande descoberta é que a vida, num sanatório para tuberculosos, tem um significado e um ritmo particulares. (16)

 Comédia em verso, humorística e irônica, em cinco atos. Sátira contra os hipócritas. O nome de seu protagonista tornou-se universalmente sinônimo de intriguista e aproveitador da bondade alheia. ( 6)

 Este poema épico de autor inglês mostra a luta entre o bem e o mal por meio da bíblica história de Adão e Eva, seduzidos por Satanás, transmudado em serpente, que os leva ao pecado e ao castigo. ( 7)

 Este romance russo enfrenta um conflito moral: pode o assassinato ser lícito em algum momento? O motivo último do homicídio praticado foi a tentativa do protagonista de demonstrar a si mesmo que ele, um homem decidido, estava acima da lei dos homens. (15)

 Estranho livro de um tcheco que escreve em alemão. Parte da transformação de uma pessoa em inseto. Reflete sobre as relações difíceis entre pais e filhos, sobre a solidão, a melancolia, o autoritarismo e a falta de explicação racional para o destino de uma pessoa.  ( 14)

Folhetim de caráter popularesco, em que estão mesclados vários gêneros narrativos, desde o romance histórico ao de capa e espada, passando pelo policial e pelo de mistério. Há o predomínio da aventura; tramas e intrigas só têm por finalidade reter a atenção do leitor.   ( 11)

 Longo poema alegórico que descreve a peregrinação do poeta pelo Inferno, pelo Purgatório e pelo Paraíso, acompanhado nos dois primeiros lugares pelo poeta latino Virgílio, autor da Eneida. No último, por Beatriz, a amada do poeta.   (3)

 Narra a movimentada viagem de volta de Ulisses a Ítaca, sua terra natal, depois da Guerra de Troia. Nela aparecem os dois elementos indispensáveis a um poema épico: viagem e aventura. ( 1)

 Neste romance, o autor, sob o vasto painel da história russa no início do século XX, aprofunda uma notável história de amor, de dificílima concretização por causa da guerra civil de implantação do comunismo, com a vida dos personagens passando por longos deslocamentos, penúria, sofrimento e morte. ( 19 )

 Notável exemplo do realismo mágico, este romance latino-americano mostra, através da saga da família Buendía, o isolamento e a frustração do ser humano no espaço mítico da cidade de Macondo. Lidando com o tempo cíclico, seu autor funde com perfeição elementos do maravilhoso e do cotidiano. ( 20 )

 Novela satírica que se apresenta sob forma de livro de incursões em diversas terras. Expõe uma visão crítica da civilização humana, considerada pelo autor como negativa, brutal e ridícula.  ( 8 )

 O herói troiano Eneias leva a cabo a viagem desde a sua cidade natal, então destruída, até a Itália. Roma seria fundada mais tarde pelos descendentes do herói troiano.  ( 2 )

 Padrão de romance realista, este livro narra a história de uma mulher da província que se casa com um médico de pequena cidade. Vida pacata no casamento sem graça. Suas infidelidades a levam a um triste final, bem diferente daquele que ela achara nos livros, cheio de felicidade e de embriaguez do amor. ( 13 )

 Paródia dos livros de cavalaria, esta obra é tida como fundadora do romance moderno. Trata da história de um fidalgo que enlouquece por ler livros de cavalaria e decide fazer como os cavaleiros andantes. Oferecerá todos os seus imaginários triunfos à sua dama, na verdade uma pobre camponesa. (4 )

 Peça teatral que se transformou em obra literária fundamental na compreensão dos vícios e das virtudes dos homens. Trata em profundidade de questões relacionadas à natureza humana, como a venda da própria alma, em troca da felicidade terrena. ( 9 )

 Romance do período romântico, traça amplíssimo painel da sociedade francesa e dos submundos de Paris. Seu núcleo central é a história de um jovem generoso, preso por furtar o pão que daria a seus famintos sobrinhos. ( 10 )

 Romance que narra a vida de seu protagonista contada por ele mesmo. Nele o autor projeta as suas experiências pessoais mais profundas e seu fascínio pelo mundo infanto-juvenil, com todo o seu sentimentalismo descritivo de períodos difíceis. (12 )

 Santiago, velho pescador cubano, vive a metáfora da luta pela sobrevivência ao enfrentar um enorme peixe em alto-mar. Cria-se entre os dois um forte laço afetivo, porque ambos lutam uma batalha final. Para o pescador, dominar aquele peixe será sua recompensa de uma vida toda. (18 )

 Talvez a mais perfeita obra dramática de Shakespeare. Tem por tema a ingratidão das filhas para com o velho pai. Cordélia é a personagem pura, mas tem final trágico, em meio à loucura, ao ódio, à dor e à morte.  ( 5 )

 

24/01/2015
emelauria@uol.com.br

Voltar