2015 - 13 e 14 de agosto

 

Concentraram-se nestes dois dias minhas poucas participações na Semana Euclidiana de 2015.

Verdade que, no dia 9, fui ver o desfile de abertura, mas não tive como permanecer no palanque  mais do que hora e  meia. A certa altura da vida os desfiles são por demais longos para fatigadas pernas. Deu para perceber, mais uma vez, que ali estava  a mais cabal prova da pujança do trabalho coletivo desenvolvido de mil maneiras,  para que aquela multidão que tomou conta de todos os espaços ao longo do trajeto pudesse receber mais uma lição  de civismo e de cultura. Um espetáculo de alto valor educativo. Uma aula a céu aberto.

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Ao cair da tarde do dia 13, fui ao Mercado Cultural participar  de importante lançamento – o do surpreendente livro Euclides, mestre-escola, dos professores universitários fluminenses Anabelle Loivos Considera, Anélia Montecchiari Pietrani e Luiz Fernando Conde Sangenis, com a presença pessoal da primeira autora.

Editado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e aqui trazido a público em primeira mão, o livro é o resultado  de ciclos de debates e oficinas pedagógicas, de encontros com educadores, ocorridos no Rio e em Cantagalo,  que redundaram  num projeto ambicioso e de repercussão nacional: como se valer dos textos euclidianos nas salas de aulas de nossos dias.

Dois euclidianos rio-pardenses contribuem com trabalhos de peso: Maria Olívia Garcia Ribeiro de Arruda (“A vida das estátuas”: uma releitura) e Guilherme Félice Garcia (A geopolítica euclidiana – um homem e seu tempo).

Elevando-me à honrosa e discutível situação de decano do euclidianismo rio-pardense, Anabelle  Loivos solicitou-me em junho que escrevesse a orelha do livro, tarefa que cumpri prazerosamente. Tive a satisfação de ouvir a própria Anabelle  lendo meu texto para o público presente  à bela reunião.

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Grande surpresa me reservava a noite do mesmo dia 13, quando a Universidade Paulista – UNIP, câmpus Rio Pardo, apresentava  suas novas e moderníssimas instalações, construídas num amplo espaço situado no início do Jardim Aeroporto, Rua Santa Teresinha, continuação da José Teodoro. O ingente trabalho, liderado pelo dinamismo da vice-reitora de unidades universitárias  Melânia Dalla Torre e da diretora local, Cármen Cecília Trovatto Maschietto, passa a proporcionar a milhares de estudantes da cidade, de nossos vizinhos de São Paulo e de Minas  as melhores condições para um aproveitamento escolar de qualidade. De encantar  os recursos todos desde já colocados à disposição de uma clientela e de um corpo docente e administrativo  de excelente qualidade. Espanta saber que variedade de cursos é ofertada no câmpus Rio Pardo, como Direito, Administração, Psicologia, Engenharia, Enfermagem, Biomedicina, entre outros.

 O  novo câmpus Rio Pardo  é prova mais que evidente de como a Universidade acredita no potencial educativo de São José do Rio Pardo e circunvizinhanças, para isso contando com o firme e decidido apoio da rio-pardense Melânia, responsável direta pela presença local da UNIP.

 

 


Eu e Luana, neta do escritor português António Pais da Rosa, meu amigo.

 

A grande  surpresa para mim foi a maneira superior como as duas educadoras conduziram o lançamento de modesto livro meu, Terra nossa, coletânea de artigos jornalísticos que têm como ponto em comum tratarem do mesmo tema – São José do Rio Pardo em seus mais variados matizes. O prefácio de Cármen é primoroso.

 

 

Vivendo o sesquicentenário da cidade, a UNIP não só lançou na ocasião o número 2  da Revista Acadêmica Euclidiana, bem como patrocinou a  esmerada edição da obra de minha autoria, ofertando exemplares a todas as pessoas que ali estavam presentes. Tive o prazer de  autografar cerca de trezentos exemplares.

A Revista  então lançada abriga estudos dos mais variados, como “Uma leitura  das faixas dos desfiles da Semana Euclidiana” (Maria Olívia Garcia Ribeiro de Arruda), “ O movimento de Canudos” (Augusto Martinez Perez Filho e outro), “Euclides da Cunha, corrupção” (Moacir Menozzi Jr.), “ A preocupação ecológica de Euclides” (Laura Cristina Domiciano), “Estrutura esportiva e lazer”( Marcelo Callegari Zanetti e outros),  “Perfil sociodemográfico” (Jéssica da Silva Minussi e outros),“Nascer, viver e morrer em São José do Rio Pardo” (Denise Rondinelli Cossi Salvadori e outro), “Autopercepção da felicidade por morar  e São José do Rio Pardo” (Márcio Ângelo Menardi e outros), “Cidade, memória e identidade cultural: São José do Rio Pardo, 1945 a 1950” (Carmen Cecília Trovatto Maschietto).

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Detenho-me  neste último, cujo objetivo é reconstituir a memória coletiva e a identidade cultural de estudantes que, entre 1940 e 1950, cursavam o Colégio Estadual e Escola Normal Euclides da Cunha. Eu integrei esse grupo entrevistado por Carmen, juntamente com Euvaldo Amaral, Marcelo Corrêa,  Zulmar Rondinell (Nininha), Carmen Sylvia Barretto, Maria Leonor Barretto,  Homero Alves de Sá e Antônio Dib. Com exceção das irmãs Barretto, os demais estiveram presentes na noite de 13 de agosto, o que deu à reunião um irrepetível caráter de reencontros e reminiscências, da mais pura arqueologia afetiva,  original e digna de maiores aprofundamentos.

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A 14 de agosto, tive  a honra e o prazer de fazer a saudação à conferencista oficial da 77ª Semana Euclidiana – Maria Olívia Garcia Ribeiro de Arruda, minha aluna num curso Clássico dos bons tempos e depois na graduação em Letras pela nossa valente Faculdade de Filosofia. Posteriormente fomos colegas tanto na mesma FFCL, a atual  FEUC, quanto em Letras da UNIP.

Não foi difícil encontrar o que dizer da atividade cultural de Maria Olívia, hoje doutora pela UNICAMP e detentora de alentado currículo enriquecido de cursos, aulas, seminários, participação em bancas, autoria de trabalhos de fôlego em diversas áreas universitárias.

Mereceram destaque em sua aplaudida fala  as considerações sobre a necessidade de o euclidianismo em suas múltiplas facetas se manter unido, para dar continuidade ao permanente tributo ao homem e escritor Euclides da Cunha, através da constante atualização  das atividades e dos temas euclidianos.

Tudo  sem perder de vista a necessidade de sempre se procurar a inserção de São José do Rio Pardo na vida cultural brasileira, como a cidade em que  Euclides  deu forma definitiva a Os sertões.

 

15/08/2015
emelauria@uol.com.br

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