Os sonhos do cônego, palavras cruzadas, etc.

 

 

 

Recebo, com imerecida dedicatória do autor, a Conversa amiga sobre sonhos,  recente livro do cônego João Antonio Darcie, titular da paróquia de  São José, a mais antiga de nossa cidade. Agradece-me ele “as oportunas observações que tornaram esta obra razoavelmente publicável”. Apenas comentamos em conversas (para mim muito agradáveis) assuntos de língua portuguesa sobre os quais ele teve algumas poucas dúvidas. Na verdade, ele, senhor de profunda cultura humanística,  escreve bem, fala bem e não cai em qualquer cilada  linguística. Sua formação  se assenta em bases sólidas e só  por excesso de zelo é que vez por outra ele me  tem consultado.

Com aguçado senso de observação e grande capacidade de estudo, o cônego Darcie  responde a exatas 1.139 perguntas que lhe fazem diferentes pessoas, de todas as idades e das mais diversas condições culturais. Suas respostas são, conforme suas próprias palavras, pastorais, ou seja, em consonância com os pontos de vista do Catolicismo.

Impressiona-me a vasta e atualizada bibliografia citada, mais de sessenta títulos que tratam o tema sonhos sob os mais diversos aspectos da religião, da psicanálise, da psicoterapia, da filosofia.  Autores de díspares tendências foram consultados, sejam eles luminares da Igreja, sejam leigos ou ainda  junguianos, lacanianos, freudianos.

Exemplos de questões levantadas pelos consulentes ou pelo próprio autor:

- A necessária distinção entre decifração e interpretação de sonhos.

- Cegos sonham?

- A importância de tratar com seriedade os sonhos das crianças.

- Deve-se lidar com os sonhos dos psicopatas?

- Como entender as passagens bíblicas que versam sobre sonhos?

- Deus, sonhos e revelação; interpretação cristã dos sonhos.

Meus votos de êxito editorial a uma obra muito bem trabalhada. O lançamento será hoje e amanhã, na própria Matriz, após as missas.

 

Queiroz e o sossego perdido

Nem sei como tudo começou. O fato é que forneci algumas revistas de palavras cruzadas ao meu amigo João Queiroz, quando sua casa de calçados ainda estava instalada  na Praça 15 de Novembro. Levei-o a se interessar pelo assunto, auxiliei-o na resolução de  problemas, incentivei-o de várias maneiras, mostrei-lhe  as muitas espécies de macetes de que o cruzadismo é tão rico. Ele respondeu muito bem a esses estímulos e devagar, mas inapelavelmente, foi perdendo o sossego das horas de pouco movimento na loja e cada vez mais tomou gosto pelos mistérios  das  revistas Recreativa em seus diversos  graus de dificuldades.

Notei com  satisfação os seus progressos, a sua firme tomada de cuidados à frente de falsas respostas, de traiçoeiras enganações.

Ele me diz que sua vida mudou e que lamenta o tempo perdido antes de se tornar um enigmista consciente de que o bom daquilo tudo é que a pessoa precisa manter-se em constante alerta e que o grande prazer de quem elabora aqueles problemas tão cheios de armadilhas é dar o máximo de trabalho, exigir a maior queima de pestanas a quem se propõe resolver  aquelas questões todas, tão variadas e imaginosas.

Um dia destes, presenteei o Queiroz com uma coletânea de cinco Recreativas – Q.I., as mais difíceis. Era uma espécie de diploma que eu lhe conferia. O resto é com ele. Tenho certeza de que ele não se livrará do novo hábito, que afinal de contas é muito bom, depois que se toma gosto.

 

Do filho do Dr. Gastão da Cunha

A propósito de artigo recente em que trato do Centro Cultural Baptista Folharini, recebi um e-mail de Gastãozinho, que transcrevo parcialmente:

Nada fez tanto mal a meu pai como o final do CCBF.

Aqueles poucos momentos de conversa o deixavam revigorado.

Quando fui me casar, perguntei quem ele queria convidar e a resposta foi rápida: “O Batista e o Batistinha”.

Os demais convidados foram relacionados depois de um tempo.

Era  bem antiga e firme a amizade entre o Baptista e o recém-falecido Dr. Gastão. Basta saber que na sala da casa do Baptista, entre fotos de seus familiares está uma de bom tamanho do querido médico pediatra.

 

Biblioteca em tempo integral

Arre, que há uma boa notícia em nosso pobre mundo cultural.

A Biblioteca Municipal Mário de Andrade, a mais importante da cidade de São Paulo, a segunda de todo o Brasil, vai aumentar seu período diário  de funcionamento para, num futuro próximo, ficar permanentemente aberta, incluídos domingos e feriados.

Além de atender sua vasta clientela  de consulentes diretos, ela tem a mais concorrida lista de leitores que levam livros para casa. São mais de cinquenta mil inscritos. Verdade que no momento estão sendo dados como não devolvidos uns mil e quinhentos volumes  retirados, mas afinal brasileiro é muito esquecido...

Não apenas a retirada de livros poderá dentro em breve ser feita a qualquer hora do dia ou da noite, mas a Biblioteca se transformará  também num permanente centro das mais variadas atividades culturais, como cinema, palestras, cursos, espetáculos musicais, peças de teatro – enfim, tudo o que couber em favor de pessoas interessadas em melhorar padrões de conhecimento.

 

Politicamente incorreto

Nem se pode cogitar da perigosa hipótese de Donald Trump vir a ser o candidato republicano  à presidência dos Estados Unidos. Sair vitorioso na eleição seria, mesmo, calamidade universal.

Um instituto de pesquisa fez o levantamento dos adjetivos que vêm à mente dos americanos quando pensam  nesse magnata do setor imobiliário: idiota, arrogante e louco são os três mais citados.

Apesar de estar caindo nas prévias de intenção de votos,  na última delas ele levava vantagem de sete pontos percentuais  sobre o segundo colocado. O perigo continua à vista.

 

Dá para acreditar?

Dunga deu nota 8,5 ao time do Brasil que venceu por 3 a 1 a Venezuela, na terça-feira. Ele viu naquela seleção qualidades que ninguém mais viu.

Você acha que dá para se classificar para a copa da Rússia e ficar entre os quatro melhores do mundo? Sem risco de levar outros 7 a 1 de ninguém?

 

17/10/2015
emelauria@uol.com.br

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