Ano LXXXVI
Ah, esqueceu como se lê algarismo romano? Pois aí está o número 86, exatamente o ano de vida que estreei dia 11. Ou em outras palavras: completei oitenta e cinco aninhos; meus filhos, talvez calculando mal a trabalheira que iriam ter, resolveram comemorar o evento em grande estilo. E o conseguiram com louvor.
Ana, Marcinho, Marco, Paula e João, assessorados por muita gente, como Gláucia (minha nora) e Maria Thereza, minha irmã, puseram mãos à obra e construíram com trabalho e paciência uma série infindável de atividades que culminaram com um almoço para mais de cem pessoas, com tudo saindo perfeito graças também ao buffet de Paulinho Girotti e aos confortos da incrível chácara do Purga.
O que mais me agradou no conjunto das pessoas que lá estiveram foi a variedade de origens de nossa amizade. Claro que o parentesco bem próximo foi o primeiro item aglutinador: lá estavam meus remanescentes primos-irmãos Nininha Rondinelli, Gildo Bertocco, Guilherme Bianchin, Lélia Scali e Lourdinha Beraldi; os muitos descendentes de nós todos – filhos, netos, bisnetos; o ramo dos parentes de Marina, como os irmãos Nice, Décio, José, a cunhada Maria do Carmo, o sobrinho André.
Meus netos, sobrinhos-netos e outros agregados formaram um alegre batalhão de jovens que pouco ligaram para o desconforto das acomodações em que precisaram dormir e fizeram do encontro uma festa particular de longa duração.
O mais velho dos presentes, José Darcie, pai de meu genro José Geraldo, na força e lucidez dos seus noventa e tantos anos, veio acompanhado do Cônego João Antônio, e como eu encantado com nossa bisneta Bia, na vivacidade cativante de seus dois aninhos. Meu bisneto honorário Pedro, neto de Gláucia e Marco, fez-se presente e acompanhado dos pais.
Colegas de magistério não faltaram: Hélio Travassos, Maria Olívia Garcia, Cármen Trovatto, Marilena Soares Bertocco, o compadre Oswaldo Grassi. Ah, as comadres Aninha Noronha Grassi, Maria Thereza Simoni, o afilhado de batismo Antônio Camilo.
Além dos já lembrados Nininha e Guilherme, a outra remanescente da raleada turma de 1949 da Escola Normal – Nicinha Navarro de Assis, sempre assessorada por sua bela filha. Benedito Martinussi, leal amigo de muito tempo e raro sobrevivente da turma de 1951 do tiro de guerra.
Presenças muito notadas: Batista Folharini, presidente perpétuo do infelizmente desativado Antro Cultural. Como sempre, escoltado pelo filho xará. As animadas BBB (Bertocco, Bianchin e Bertero) Sonia e Sandra. Minha querida nora Mariza, meus sobrinhos mais chegados Luciano e Maria Luísa; o pai deles, meu caro cunhado e amigo Antonio Dib. A exuberante prima Rosana Bertocco Parisi, autora de um belo texto que bem mereceria ser publicado, acompanhada do marido Paulo Parisi.
Festas assim têm outra particularidade: reúnem pessoas que há muito não se veem. Foi o caso de Maria, José Roberto e Guilherme Vasconcellos, vindos especialmente de São Paulo, que puseram os assuntos em dia com Luiz Vicente Pellegrini Porto, com Eduardo e Maria Olívia Roxo Nobre.
Gostei de ver meus vizinhos Marilu e José Orlando Trovatto, Alzira Feltran e a família de Valdir Ferreira, assim como o primo meio longe José Longo, o vereador e também primo longe Luiz Henrique Tobias e meu companheiro constante de palavras cruzadas João Queiroz. Notei a boa presença de Francisco Braghetta e de Lucia Vitto, ele muito ligado à ARPA, ao Centro Cultural Ítalo-Brasileiro; ela, com apreciáveis serviços ao nosso euclidianismo e à vida cultural da cidade.
Releio o que escrevo e tenho a certeza de que, apesar de todos os esforços, me esquecerei de citar algumas pessoas cuja presença no almoço muito me alegrou.
Sei do que representou em sacrifício a vinda de tantas delas, que resumo na presença de Flávio Eduardo Lemes de Godoy e Joaquim Augusto Bravo Caldeira.
Surpreendeu-me o número de mensagens recebidas ou pessoalmente ou por telefone ou pelo facebook , por e-mail. Ah, muito significativos os presentes que ganhei. Não terei como agradecer um a um a todos e assim o faço agora, coletivamente.
Lamento a ausência de pessoas queridas que não puderam comparecer. É o caso de Maria Esméria do Amaral Mesquita, de Ruy Barbosa, de Heber Luís Nogueira Fontão.
Não posso deixar em citar a bela prova de amizade que recebi do jornal Democrata em nota editorial na terceira página da edição do dia 11 de fevereiro, como não posso omitir que li com emoção o texto “Ao mestre com carinho”, com que Maria Olívia Garcia encerrou seu artigo na mesma edição.
Tivemos um digno remate de comemoração no almoço de domingo, 12. Minhas filhas Ana e Paula resolveram que iríamos comer no quintal. Cheguei a pensar que seria nosso retorno, cinco anos depois, ao restaurante da Rua 13 de Maio. Puro engano. Quintal era mesmo quintal, o nosso quintal, cheio de árvores e flores, sombras e gratas lembranças, onde mais de vinte pessoas se regalaram com os comes e bebes que não conseguiram liquidar na véspera.
Valeu a pena por tudo, pelo sabor das coisas e pelo clima de amizade que se viveu.
Quando a próxima festa? Por causa de mim, acho que chega. Afinal de contas, comemoramos com pompa e circunstância tanto a passagem dos meus oitenta quanto a de meus oitenta e cinco com boa saúde, lucidez, atenção de tanta gente. Não convém abusar de tanta coisa favorável, ainda mais que, como dizia minha mãe, sempre e com sincera convicção: O futuro a Deus pertence.
Terei omitido alguém ou fato relevante? Provavelmente sim, mas isso deve ser debitado aos tais LXXXVI anos.
18/03/2017 |