Do euclidianismo e seus arredores

 

 

 

ESCRITOS EUCLIDIANOS

Sábado, 9, bem de manhã, abro um lamentoso e-mail do Luís Trinca Filho, editor deste Democrata.  Ele me pede mil desculpas sobre uma falha que teria acontecido com meu artigo denominado “Machado e Euclides: confrontos e contrastes”. Penso no pior, mas ao percorrer o jornal horas mais tarde, noto com dificuldade que apenas meu nome, como autor, fora trocado pelo de meu ex-aluno e colega Marcos de Martini. Antes isso.

O importante de tudo é que até hoje ninguém tocou no assunto comigo – prova irrefutável de que também ninguém tinha dado com o erro por um só e forte motivo: ninguém o tinha lido com a esperada atenção.

Mandei para o caderno especial da Gazeta do Rio Pardo um longo questionário sobre a biobibliografia de Euclides e as respectivas respostas. Ainda não sei bem por quê, o jornal não publicou as respostas cabíveis a cada questão e ninguém reclamou comigo por causa disso – outra prova de que também a matéria  passou em brancas nuvens.

Esses dois pequenos incidentes apenas traduzem uma realidade maior: os escritos de alguma profundidade não vêm atraindo as atenções daquele público para o qual estariam naturalmente destinados. Quero crer que isso não ocorra  apenas com o que escrevo, pois faz parte de uma espécie de aversão à leitura que vem caracterizando nosso tempo.

Lembro-me de haver, há muitos anos, tocado neste assunto e dito que nós, euclidianos, quando muito nos entrelemos, mas não atingimos aquelas camadas de jovens estudantes e de ledores de jornais,  nos quais pensamos enquanto elucubramos sobre a vida e a obra de Euclides da Cunha...

Os textos integrais de tudo a que me referi neste item estão à disposição de eventuais interessados em www.oswaldogalotti.com.br, site do Instituto Oswaldo Galotti, de responsabilidade  de Álvaro Ribeiro de Oliveira Netto.

 

O DESFILE DO DIA 10

Fiquei impressionado e em alguns momentos comovido com o que pude ver naquela notável demonstração de como a comunidade rio-pardense participou de um evento de fortíssimo apelo popular.

Não me refiro apenas aos milhares de integrantes do desfile propriamente dito. Penso em outros muitos  milhares que participaram de algum modo daquelas notáveis aulas de civismo, patriotismo, educação, empenho, críticas a erros do passado e do presente, esperanças fundadas no futuro da cidade e do país.

Por uma questão de justiça e de reconhecimento ao esforço geral, não citarei o que mais me chamou a atenção naquela notável festa popular em que se falou de um escritor, de seus escritos, de suas preocupações com o futuro, de suas repercussões na vida local, de suas lições e de seus alertas.

O desfile do dia 10, que emocionou milhares, foi magnífica seqüência de lições para São José do Rio Pardo, para São Paulo, para o Brasil .

Não é de se esperar unanimidade de opiniões quanto a detalhes secundários de sua realização. É de se louvar e de se evidenciar, isto sim,  um trabalho comunitário de que pouquíssimas outras cidades podem apresentar similares de tanto valor social e educacional.

 

O SEMINÁRIO DO DIA 9

Dominou-me séria preocupação quando, como seu coordenador,  vi a pouca idade de tantos assistentes do Seminário Euclidiano na manhã de 9 de agosto, no grande salão da AAR.

Como interessar aquele público heterogêneo, em que a meninice da maioria destoava da  seriedade temática que alguns professores se propuseram estudar com afinco e desenvolver? O tempo médio disponível a cada um dos quatro participantes seria de trinta minutos. Entre a introdução, a  exposição e a conclusão seriam necessárias   ao menos duas horas e meia. Aquele público tão tenro não suportaria tamanha carga de atenção e imobilidade.

Felizmente, com a compreensão dos experimentados educadores Lando Lofrano, Maria Olivia Garcia Ribeiro de Arruda e Marcos de Martini,  pudemos dar um recado objetivo, num lapso de tempo que não chegou a desgastar aqueles tenros candidatos a manter nesta cidade a duradoura chama do euclidianismo.

 

O VERBO DA HORA

Nenhuma palavra foi mais empregada no dia 9 de agosto do que obliterar, tudo graças  ao sucesso da emissão do selo comemorativo da 96.ª Semana Euclidiana, que reproduziu  o belo cartaz imaginado por Ana Lúcia Sernaglia para o lema “Textos Euclidianos além de Os Sertões”.

 

TEMPO AO TEMPO

Everton de Paula, atualmente chefe de gabinete da reitoria da Universidade de Franca, anda tão atolado em compromissos, que nem pôde vir dar seu recado na Semana Euclidiana.

Devo a ele a gentileza da criação integral  pelo pessoal da  editora da Universidade de meu livro Tempo ao Tempo, que será lançado na UNIFRAN a 2 de setembro.

Aqui em São José, o lançamento deverá ocorrer em outubro. A  venda avulsa será exclusividade da Agência Folharini, tendo à frente o espírito empreendedor do Batistinha.

 

IMAGENS EUCLIDIANAS

Em lugar de meu costumeiro artigo, www.saojoseonline.com.br, de Heber Luís Nogueira Fontão, publica na edição de 9 de agosto uma série de fotos minhas clicadas no Recanto Euclidiano e imediações. O lugar é tão belo e tão evocativo, que não há como errar. É, mesmo, um recanto cordial.

Pessoas ligadas à cidade, para as quais mandei a coletânea das fotos selecionadas, vêm-se derretendo em respostas cheias de saudades de outros tempos aqui vividos.

 

GUARDIÃES  DA MEMÓRIA

Assumiu  ares de familiaridade e de sincera amizade a sessão solene da Câmara Municipal  para a outorga dos diplomas de Guardiães da Memória Rio-Pardense ao Grupo Ecológico Nativerde, a Sílvio Torres, a Luís Parreiras Menechino e a mim mesmo.

Da atenciosa assistência (que não superlotou o recinto), ninguém esteve lá por mera obrigação – o que muito contribuiu para o clima de geral descontração e cordialidade.

A Mesa conduziu com discrição e competência os trabalhos. Todos os que fizeram  uso da palavra (Francisco Braghetta representou  Sílvio Torres, convocado a Brasília) acrescentaram algo ao significado  da cerimônia, inclusive o prefeito João Santurbano, que discorreu sobre as ações preservacionistas que pôde levar a termo durante seus oito anos de mandato.

Luís Menechino foi muito feliz em seu esboço histórico que envolveu arquitetura, ecologia e mentalidade própria do preservacionismo.

De minha parte, só me coube deixar bem clara a alegria e a honra nascidas com mais  um testemunho de consideração que a Câmara me proporcionou, aprovando por unanimidade o projeto de decreto legislativo apresentado pelo vereador Luiz Paulo Cobra Monteiro.

Ter, de algum modo, contribuído para a preservação do velho prédio da Prefeitura e Câmara foi das minhas ações como vereador a de que mais gratamente me recordo.

 

 

16/08/2008
(emelauria@uol.com.br)

 

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