Do trivial variado

 

PRESTÍGIO DOS SABIÁS

É escrever sobre eles e sentir logo a reação dos leitores: eles sempre gostam, provavelmente porque essas aves reúnem nobreza de porte, canto belíssimo e certo espírito de domesticidade.

A fotografia do ninho deles valorizou muito o texto.

Uma leitora amiga disse que no quintal dela, os sabiás residentes se julgam até meio donos  da piscina toda. Se ela não fizer pé firme, elas acabam lhe proibindo a entrada...

O tom geral das referências à última crônica sobre  o assunto é que eu passo a impressão de gostar muito de pássaros, e isso é verdade. Tanto que no quintal aqui de casa quem tiver tempo disponível pode ficar horas e horas apreciando as manobras de muitos deles.

Outros leitores encontraram no mesmo texto uma espécie de mensagem em que eu teria exposto veladamente a falta de convivência familiar, com cada filho indo cuidar de sua própria vida. Na  verdade, de nada reclamo, apenas comprovo a realidade da situação de viuvez que vivo, em que, mesmo sem querer, acabo passando para meus escritos essa inesperada  contingência..

Daí o acerto de outra amiga colega e leitora que achou a tal crônica muito melancólica.

Não tenho como fazer referência direta às muitas pessoas que me pararam na rua e a outras tantas que  viram no longo texto um valor literário que muito me agrada., Afinal, faço todo o possível para não escrever apenas corretamente.

 

FORTE, LÚCIDO

Bato um bom papo com Leopoldo Pereira da Silva, o Sr. Leo, pai do Leozinho e do Márcio,  dentistas como ele mesmo.

Sei que há alguns meses ele completou um século de vida, mas não o imaginava tão forte e lúcido nessa idade tão avançada, até que ouvi seu depoimento na festa de lançamento  do precioso livro Um clube, uma paixão, belo documentário sobre a Associação Atlética Riopardense.

Leo deu um testemunho de amor ao clube,  com voz forte, pensamento claro e memória pronta.

Comparo sua energia vital com a triste situação a que minha mãe chegou aos noventa e nove anos, com gente torcendo para que ela chegasse aos cem, como se isso valesse algo por si mesmo. Esse insensato desejo não era compartilhado por nós, da família, sabedores de que a vida dela era apenas vegetativa.

Cem anos com a fortaleza de ânimo de Leopoldo Pereira da Silva – isso sim vale a pena!

 

MULTA DE TRÂNSITO

Foto de 09/12/2009 - às 14:20 horas

 

Um sábado destes, estacionei meu carro na R. Marechal Floriano, ao lado do Banco Nossa Caixa, e fui apanhar uma encomenda ali por perto. Não devo ter demorado cinco minutos  e, ao voltar, pude ver um PM acabando de lavrar multa por estacionamento bem debaixo de uma placa, que fazia daquela ponta de esquina local   privativo para deficientes.

Embora não obrigado a isso, assinei o auto de infração, como a reconhecer plenamente a situação irregular  de meu estacionamento.

Uma jovem que assistira a tudo, perguntou-me se eu ia recorrer da multa e ficou surpresa com minha resposta negativa.

- O dia inteiro tem carro estacionado nesse lugar. Um deles permanece horas e horas...

Não cairei nessa armadilha de justificar um erro  com outros erros, mas a partir daquela multa, passei a prestar mais atenção à obediência dos motoristas à placa de estacionamento reservado a deficientes. Em nenhum dos locais assim sinalizados  vi espaços vazios. Ninguém dá a mínima à advertência.  Se alguém resolver aplicar multa a todos os motoristas que incorrem nesse tipo de infração, é de se pensar  se o dinheiro assim arrecadado não será mais do que o do  recolhimento do IPVA...

Enquanto isso, andando todos os dias a pé pelo centro da cidade, posso notar que a falta de educação para o trânsito é de preocupar.

Vi outro dia uma mulher, na perigosa esquina da 13 de Maio com a João Gabriel Ribeiro, vociferar contra uma confiante mocinha que ousou atravessar a rua numa faixa de segurança. Só faltou, por centímetros, dar-se o atropelamento, com a condutora do veículo irritada com aquela insolente pedestre que não lhe dera preferência de passagem...

Na Rua 13 de Maio, quarteirões acima, uma senhora de idade avançada não sabia o que fazer, porque um furgão, com o motor funcionado, estacionara sobre a calçada defronte a um portão fechado, enquanto seu condutor se encontrava sabe-se lá onde. Foi preciso dar o braço à senhora, levá-la  para o meio da  rua e fazer sinal aos carros que desciam...

Motociclistas, motoristas, ciclistas, pedestres – todos estamos necessitados da presença educativa de agentes do trânsito que se preocupem mais com o comportamento de pessoas e veículos em movimento. Isso é muito mais trabalhoso.

 

A RECONQUISTA DA  PRAÇA XV

Louvável o esforço da Prefeitura em modificar rapidamente a triste fisionomia  desta praça central.

Além da colocação de piso novo em todo o quadrado exterior, com a colaboração do grupo Amigos da Cidade,  mexeu-se também no calçamento das vias centrais, colocaram-se enfeites natalinos, com destaque para uma vistosa árvore de Natal. A iluminação também foi cuidada.

Ficou-se sabendo do plantio de dezoito mil mudas de flores variadas, o que deu ao logradouro um visual alegre e convidativo.

Ora, não há quem ignore que aquele local, em outros tempos de uso de toda a população,  de anos para cá  muda de mão ao anoitecer...

Vai ser uma batalha sem descanso conservar a praça limpa, florida, convidativa a uma agradável parada, sem maiores receios, a qualquer hora do dia e da noite.

Não se pode deixar que os átilas e seus cavalos  se reapossem dela e deixem em tudo as marcas de vândalos.

 

O ANO EUCLIDIANO

A Casa de Cultura Euclides da Cunha pode considerar-se boa cumpridora de um denso calendário comemorativo dos cem anos da morte de seu  patrono.

Tudo começou bem planejado desde o começo do ano,  com a então diretora da Casa, a Prof.ª Marly Terciotti, pondo em prática aquilo que havia discutido e planejado com o Conselho Euclidiano.

Com a saída voluntária de Marly, o Departamento de Esporte e Cultura, dirigido por Marlon Calegari, tomou a si a responsabilidade de dirigir a Casa, através da diretora de Cultura, Lúcia Vitto.  O prefeito João Luís Cunha  foi solidário, participante e estimulador em todos os momentos.

As quatro etapas mais significativas do calendário euclidiano rio-pardense foram satisfatoriamente cumpridas – o 20 de janeiro (natalício de Euclides), o 18 de maio (inauguração da ponte metálica), a Semana Euclidiana temporã (de 3 a 11 de outubro) e o 2 de dezembro (lançamento de Os sertões).

Além disso, a Casa se fez presente em atos euclidianos de Lorena (instalação da Academia  de Letras, tendo Euclides por patrono) Cantagalo (Seminário Internacional) e Rio de Janeiro (Academia Brasileira de Letras).

Recente publicação da Academia Paulista de Letras – a sua Revista, n.º 128, de novembro de 2009, editada pelo eminente euclidiano Francisco Marins, tem boa presença rio-pardense,  inclusive com a reprodução de um quadro a óleo ( a cabana de Euclides sem a redoma) de Eduardo Angel Giudice na contracapa. Fotografei-o no escritório da Dr.ª Mariana de Almeida Perillo, sua atual proprietária.

Por dever de justiça, torno público que  o convite de representação de São José do Rio Pardo na mesa-redonda  do dia 15 de outubro na ABL foi dirigido pessoalmente à Prof.ª Marly, que  o transferiu a mim.

Longe de considerar essa honrosa participação como vitória pessoal, divido-a com os euclidianos desta cidade e com todas as pessoas que, em penosa viagem, me foram prestigiar no Rio de Janeiro. Esse gesto de solidariedade foi visto como incomum pelo próprio presidente da Academia, Cícero Sandroni.

 

12/12/2009
emelauria@uol.com.br)

 

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