Da hora que passa

 
Velho tema em novo ângulo.

 

Ideia luminosa

Em meio a tanta especulação, a tanta análise furada, a tanto palpite infeliz, o senador Valdir Raupp (PMDB – Rondônia) surpreende com uma espécie de ovo de Colombo:  eleição para presidente da República agora  em outubro, junto com a votação municipal.

Valdir, que é aliado de Michel Temer, garante que o atual vice nem quer ser presidente, porque, como anda o Brasil, nada vai acabar bem, com ou sem impeachment.

Já que não se pode contar com a renúncia da Dilma, uma azêmola (corra ao dicionário) daquelas, o jeito de se viabilizar a sugerida eleição seria a aprovação de emenda constitucional.

Ao contrário do que se poderia supor, a sugestão não pegou muito bem, pelos motivos mais variados, o principal deles  o risco de Lula se candidatar e ganhar estourado, se não por méritos próprios, ao menos pela falta de bons candidatos pela atual oposição.

 

Brasil lúdico

Oferta de ajuda espiritual lida num poste:

Trago a pessoa amada coercitivamente em 7  dias. Dou garantia total dos meus trabalhos. Pai Sérgio Moro.

É. Coercitivamente. As três palavras que todo brasileiro tem obrigação de saber o significado e a grafia são impeachment, coercitivamente e Odebrecht.

 

Confiar desconfiando

Com justo receio de traições por parte de novos aliados, o Governo federal  estuda só distribuir cargos de primeiro, segundo e terceiro escalões, antes da quota do PMDB, após a votação do  impeachment. Faz sentido. Em política e na guerra, mentira como terra.

Também faz sentido a debandada dos prefeitos do PT no estado de São Paulo: vinte e quatro deles (cerca de um terço) abandonaram a legenda e se filiaram a outras siglas, principalmente ao PDT.

Também 28% dos vereadores (186) caíram fora, em busca de mais segurança eleitoral, dada a maré baixa do petismo.

O caso mais emblemático ocorreu em Carapicuíba (cidade com mais de duzentos e setenta  mil eleitores!!!), em que o presidente da Câmara e pré-candidato a prefeito saiu do PT e se filiou ao PSDB. Aí já é de mais para os corações lulistas.

 

O grande injustiçado

Quem ouviu a fala do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, sobre a injustiça do  proposto impeachment de Dilma, ou sobre  a inovadora noção de   crime de responsabilidade e ainda sobre a clara  legalidade de umas pedaladas fiscais, só pôde chegar a uma triste conclusão: Fernando Collor de Melo é tudo aquilo que o Brasil sabe, mas não poderia ter sido deposto da presidência da República um quarto de século atrás: seu maior crime  hoje  seria julgado por um tribunal de pequenas causas...

 

Eta Brasilzão

A Petrobras apenas pensa em aumentar seus preços de combustíveis, os mais caros do mundo – e as ações dela na Bolsa de São Paulo caem 9% de uma vez.

Na verdade, a coisa está preta de todos os modos para ela: em 2015, a queda de suas vendas no Brasil foi de 9%. Neste ano de 2016, a retração bate nos 11%.

 

Batedor de pênaltis

Esse Fernando Prass, goleiro do Palmeiras, é bom nos pênaltis. Já defendeu dez no seu atual clube, o mais recente deles contra o Corinthians. Antes, os batedores estudavam as particularidades dos goleiros. Agora está sendo o contrário: goleiros estudam as características dos batedores. Mas a razão continua com Neném Prancha, o botafoguense que mais profundamente filosofou sobre o nobre esporte bretão. Disse ele:

“Pênalti é coisa tão importante, que quem sempre deveria bater  é o presidente do clube!”

 

Problema deles

Recebo um enorme envelope do Consolato Generale d’Italia – San Paolo – Brasile.

Estranho o que vem dentro: nada menos do que material para que o cidadão italiano LAURIA MARCIO JOSÉ participe de um referendo popular para permitir (ou não) a atividade de prospecção, pesquisa  e exploração de hidrocarbonetos  no mar, na faixa das doze milhas, respeitados  a duração da vida útil da jazida, os padrões de segurança e as salvaguardas ambientais. Tudo isso está na cédula para votação, junto com uma carta-resposta (não é necessário selar) e um envelope de superior qualidade para dentro dele ser enviado ou meu sim ou meu não.

Na verdade, nem sim, nem não. Me ne frega (não me importa) como dizia minha mãe, de vez em quando. Jamais me preocupou essa cidadania italiana, que só obtive porque necessária à sua concessão a  meus filhos, eles sim interessados nisso. Mas não deixa de ser interessante saber que eu tenho um certificato elettorale de número I- 2639293/263/070930 (ufa!), que minha circunscrição é o exterior, minha repartição a América Meridional, meu estado o Brasil e que, portanto, integro o elenco dos eleitores italianos.

 Que bom poder ignorar solenemente um problema! Já bastam os decorrentes de ser cidadão brasileiro e morar nesta cada vez mais sofrida  cidade de São José do Rio Pardo.

 

09/04/2016
emelauria@uol.com.br

Voltar