EM
CAUSA
PRÓPRIA
INTERPRETAÇÃO
DE
UM
SONHO
Umas poucas
pessoas pareceram preocupadas
com o
sonho
americano
que reproduzi
aqui na
semana
passada. Mostraram-se interessadas
em
saber o
que pensei dele. Na
verdade,
não sei.
Não tenho nenhuma
pista de
como
entender uma
situação
como aquela.
Só sei
que sonhei
tudo
aquilo,
que acordei
sobressaltado e
que procurei o
mais
urgente
possível
pôr no
papel aquelas estranhas
impressões.
Tenho
colegas e
amigos
bambas na desfeitura desses
mistérios. Espero a
manifestação deles a
respeito,
mas
desde
logo pendo
entre duas
conclusões:
ou as
interpretações
não seriam
nada boas
para
mim,
ou os
tais
colegas
nem leram o
meu relato
que,
aliás,
não é
recente. Uns
leitores de
memória
elefantina
me advertiram de
que
já tinham lido o
texto,
não sabiam
bem
onde. De
fato,
com
mínimas alterações
ele está publicado
em
meu
livro Nós,
Os
Nossos,
Alguns
Intrusos,
que é de 1997.
E-MAIL DE JOEL BICALHO TOSTES, A 11 DE FEVEIRO DE 2005
Talvez
alguém
não
saiba
que Joel Bicalho Tostes,
viúvo de Eliethe da
Cunha Tostes,
neta de Euclides da
Cunha, tem sido
através de
muitos
anos o
defensor da
memória euclidiana,
especialmente no
que tange à fidedignidade dos
textos do
grande
escritor, uma
vez
que a
obra caiu
em
domínio
público e muitas
editoras se julgam no
direito de
suprimir
notas e
observações redigidas
por Euclides,
importantes
para a
exata
compreensão de
seu
pensamento.
Foi de Joel a
iniciativa de
levar a
família a
concordar
com o traslado dos
restos de Euclides e do
filho Quidinho
para
São José do
Rio
Pardo,
em 1982.
Para
tanto, construiu-se o
mausoléu
próximo à
cabana
histórica, sendo
prefeito Richard
Celso Amato. O
jazigo, propriamente, tem a
forma de
um
canhão,
como
referência à Matadeira,
mortífera
arma de
guerra
que os
jagunços do
Conselheiro assaltaram de
peito
aberto, na
defesa de
Canudos.
Nunca é
demais
lembrar
que o
projeto arquitetônico e
paisagístico do
mausoléu é de Luís Antônio
Parreiras Menechino e
que o castigado
piso situado
entre o
mausoléu e a
cabana, tendo a
forma de
um
grande
sol nordestino
com as
palavras
Terra,
Homem e
Luta escritas
várias
vezes no
seu
interior, é de autoria de
um rio-pardense
hoje
desligado da
cidade – Ênio Lamoglia Possebon.
Mas vamos ao
e-mail de Joel:
“Recordações...
... O primeiro
episódio sucedeu
em Cantagalo,
janeiro de 1982, na
semana comemorativa do nascimento de
Euclides.
Dentre os
muito
convidados de várias
cidades, estavam os
caros
amigos Oswaldo Galotti, Adelino
Brandão, Moisés Gicovate, Márcio José Lauria. A
imprensa do
Rio de
Janeiro e de
São Paulo
já propalara
com
destaque a
decisão da
família
em
concordar
com o traslado almejado
por
São José do
Rio
Pardo. E Cantagalo empenhava-se
para
que
tal
não acontecesse,
claro
que
não significando essa
oposição
malquerença aos rio-pardenses.
Era uma
reação
compreensível e
triste seria
para
nós
fluminenses,
em
especial
para os
descendentes do
escritor, se o
Estado do
Rio de
Janeiro
não se esforçasse
em mantê-lo
pelo
menos no
Rio,
onde estava sepultado
desde 1909.
Foi
quando, na
manhã de 20 de
janeiro,
em
reunião
pública,
junto à herma de Euclides na
antiga
Praça dos
Melros,
presentes o
prefeito e
vereadores,
após
alguns
oradores, o
presidente da
Câmara Municipal, Sr. Carlos Fernandes, iniciou
discurso alertando o
público de
que naquele
momento,
ele,
em
nome de Cantagalo, formulava
veemente
apelo a S. José do
Rio
Pardo,
ali representado à
época
pelo
também
vereador Márcio José Lauria, no
sentido de
abrir
mão do traslado a
favor da
terra
natal do
autor de Os
Sertões. Terminou o
apelo de
maneira
patética,
bastante emocionado.
Lembro
como se fosse
hoje daquele
momento, de
ansiedade
para uns,
preocupação
para
alguns. Fez-se
silêncio. Evidenciava-se
grande
expectativa
pela
resposta
que deveria
ser
dada ao
pedido
oficialmente
feito
por Cantagalo.
O
professor Márcio José Lauria
poderia
talvez,
não sei,
dizer
que
São José do
Rio
Pardo
não deveria
ceder
porque estaria,
afora outras
circunstâncias de
relevância
para o
povo rio-pardense, desmerecendo a
decisão e a
confiança dos
descendentes de Euclides. Seria uma
saída e ponderável
argumentação.
Mas,
com
calma,
competência e
espírito
que
lhe
são
característicos,
com
felicidade e
pleno
domínio da
embaraçosa
situação,
ele
simplesmente preferiu
discorrer e
acentuar
com
riqueza de
detalhes,
ali na
terra de Euclides, os
muitos
anos de
intenso
trabalho, de continuada
dedicação, das renovadas
pesquisas e dos
não
poucos
sacrifícios
que os rio-pardenses venciam
para a
sustentação deste
movimento cultural a
favor do
grande
nome cantagalense.
Terminou
sua exposição-aula
acerca do
culto de Euclides
em
São José do
Rio
Pardo
sem
dizer
nada,
absolutamente
nada,
sobre o
apelo
que havia sido
feito.
Nem precisava,
porém; a
justiça e o
sadio
orgulho de
suas
palavras calaram
fundo no
coração dos cantagalenses, marcando
memoravelmente
aquele 20 de
janeiro de 1982.”
UM
BOM
AMIGO
Lá se foi,
depois de
grande sofrimento, o
bom Sérgio
Ribeiro. Conheci-o
ainda no
grupo
escolar e
me lembro de
que
ele se assinava “Sérgio Américo
Ribeiro”.
Depois perdemos o
contato,
mas o acompanhei de
longe no
esporte, na
marcenaria.
Um
belo
dia, tive a
surpresa de vê-lo
entre
meus
alunos numa
classe da
Escola
Normal Municipal,
que funcionava
então no
prédio de Paschoal Artese.
Era
um dos
muitos
que retomavam o
estudo
um
tanto
tardiamente, visando
ter
condições de
enfrentar
concursos,
freqüentar
escolas
superiores,
partir
para outras
profissões.
Quantos
anos
ele deve
ter trabalhado na
Polícia?
E dando
aula na
Associação de
Ensino?
Reencontrei-o
tempos
depois na
Câmara Municipal.
Ele entrou
lá
antes de
mim e saiu
bem
depois,
sempre reconduzido
pelo
voto de
um
eleitorado
simples e
fiel. Sérgio foi o
primeiro
candidato a
vereador a
conseguir
mais de
mil
votos.
Talvez tenha sido o
dono de
um dos
mandatos
mais
longos, perdendo
apenas
para Badhio Sarckis Abichabcki , possivelmente.
Nosso
relacionamento
sempre foi
cordial e
caloroso.
Bom Sérgio
Ribeiro, de
morte
muito
sentida.
05/03/2005
(emelauria@uol.com.br)
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