Subsídios para a organização de um POEMA

 

Explicação necessária

Foi meu falecido amigo Elias José, poeta e contista dos melhores, quem me abriu as portas do “Suplemento Literário”, publicação semanal do jornal Minas Gerais, de Belo Horizonte.

 Frequentador assíduo da Faculdade de Filosofia de Guaxupé entre 1976 e 78, travei conhecimento do trabalho literário e pedagógico de Elias, excelente professor de Literatura Brasileira, no curso de Letras. Foi ele quem me encorajou a enviar colaboração ao “Suplemento”, já então considerado um dos melhores do País.

 De início, dediquei-me à pesquisa  de autores ou temas mineiros, de Autran Dourado a Carlos Drummond de Andrade, passando por Cecília Meireles em seu insuperável “Romanceiro da Inconfidência”. Depois, graças a Wilson Castelo Branco, diretor do “Suplemento”, pude ver publicados naquele órgão de repercussão nacional alguns estudos meus referentes a Euclides da Cunha e ao euclidianismo rio-pardense.

 Colaborei no “Suplemento “ até 1988, quando,  por conta de  obrigações em nossa Faculdade de Filosofia, eu já  não tinha disponibilidade de tempo para a pesquisa  de temas ligados à teoria literária.

 Para surpresa minha, descobri recentemente que o Departamento de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais tinha concluído o gigantesco trabalho de digitalizar todos os números do “Suplemento”, desde sua fundação em 1966 – o que abre para os estudiosos de assuntos de literatura, cultura e arte uma fecunda fonte de busca, além de garantir a sobrevivência de artigos que, apenas como matéria de jornal, estariam sujeitos  a perdas, ao  desaparecimento mesmo. Agora  estão fotocopiadas todas as páginas do SLMG, postas pela internet à disposição dos interessados.

 Confesso que reli com emoção alguns de meus  esquecidos escritos lá conservados e não publicados em outros lugares,  dada a especificidade de seus assuntos.

 Hoje me encorajo a transcrever no DEMOCRATA um texto curto, poeticamente tratado e quem sabe por isso mesmo de interesse muito restrito. Trata-se de um escrito que lembra Homero (o rapsodo cego), um poeta latino do Renascentismo,  o erudito  poeta  americano Ezra Pound, que o traduziu magnificamente, e três dos grandes  téoricos   da literatura brasileira contemporânea:  os irmãos Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Valoriza sobremaneira meu texto a ilustração admirável de Fausto Hugo Prats, que captou à maravilha o que eu mal pude expressar por palavras. Observe-se a figura de Homero, cego e  tangendo a lira, duas mulheres e um  homem, naturalmente de perfil grego,  todos recortados de folhas de livros  com escritos em latim e em inglês.    

 O texto, publicado no SLMG de 13 de setembro de 1986, não é de fácil compreensão e sugere a  linha de interpretação que considera sempre a possibilidade de ser ele uma  obra aberta e portanto  sujeito a novas leituras por parte de lúcidos leitores, que passam a coautores.

 

01/12/2012
emelauria@uol.com.br)

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