Igreja Matriz - História

Quando em 1858 o bispo de São Paulo, Dom Antônio Joaquim de Melo, esteve na paróquia de Monte Santo, em Minas, o Capitão Francisco de Assis Nogueira o procurou, obtendo licença para mandar celebrar ofícios divinos na capela de sua fazenda Pião do Rio Pardo, sendo "possível que a primeira missa da região tenha sido celebrada no mes seguinte, isto é, em setembro de 1858.

No império (forma de governo deste período relatado), a Igreja estava intimamente ligada ao Estado.

A Capela, para a população, além de representar a assistência religiosa ao lugarejo, era a esperança de autonomia política, que adviria com a Freguesia.

O livro encontrado na Fazenda Tubaca, documenta a fundação da Capela de São José do Rio Pardo, em 4 de abril de 1865, quando alguns fazendeiros se reuniram, traçando os planos para edificar a capela, primeira etapa para a criação da futura Freguesia.

Eis trechos da ata daquela primeira reunião, com ortografia atualizada:

 

Trechos da Ata da Fundação da Capela

"Futura Freguesia de São José do Rio Pardo

4 de abril de 1865

GLORIA IN EXCELSIS DEO!!!

Cópia do 1º Passo que os devotos do Glorioso São José deram - Os habitantes que circundam esta futura Freguesia concorrerão para se dar princípio a esta nova obra de Deus com uma quantia que chegue para compra de 2 sinos, todos os pertences para Missa, todo material para fazer-se uma Capela Mor, de cinqüenta palmos de comprido e vinte e seis de largo, com sacristia de ambos os lados, em com um alpendre em forma de rancho em lugar onde há de ser o corpo da Igreja (....) e para o andamento desta obra se fará votação para um Diretor das obras o qual ficará encarregado a todo expediente da mesma, para três Procuradores os quais terão todo cuidado e zelo em fazer arrecadações do dinheiro (....): um procurador além do Rio Pardo, um segundo além do Rio Fartura, um terceiro aquém desta e do Rio Pardo (....) Passando-se a fazer a votação já mencionada saíram com a maioria de votos os cidadãos seguintes: Antônio Marçal Nogueira de Barros para o cargo de Diretor; suplente do mesmo José Teodoro de Noronha; para procurador Francisco de Assis Nogueira e para suplente do mesmo Raimundo Estelino Ribeiro da Silva, segundo procurador Luciano Ribeiro da Silva, terceiro João Damasceno Negrão, quarto Ananias Joaquim Machado dando-se por findo assina-se diante desta cada um lançará sua cota. NOVA FREGUESIA DE SÃO JOSÉ DO RIO PARDO, 4 de abril de 1865.(....)"

Era preciso um patrimônio para a Capela. "O primeiro alqueire já fora doado por João José de Souza, em 6 de fevereiro de 1865, com título passado na Fazenda da Laje. As outras doações foram de Cândido Faria Moraes, três alqueires, com título passado na Fazenda da Cachoeira da Boa Vista, em 17 de junho; Antônio Marçal Nogueira de Barros, três alqueires, com título passado na Fazenda Becerábia; José Teodoro Nogueira de Noronha, quatro alqueires, com título passado em São José do Rio Pardo e Cândido de Miranda Noronha, um alqueire, com título passado em São José do Rio Pardo. Os três últimos títulos foram passados em 19 de junho de 1865."

As prendas doadas pelos moradores do bairro de São José, para a construção, foram leiloadas sob a grande figueira, perto da futura Capela (hoje árvore-monumento, na Praça XV de Novembro).

No início de 1872, com o término da Capela, o procurador de São José do Rio Pardo, Antônio Marçal Nogueira de Barros, solicitou a bênção da mesma, ao Bispo de São Paulo: (....) a fim de que aí possa celebrar-se missa no dia 19 de março, não por ser dia daquele santo, como ainda por atender à urgente necessidade de ministrar sacramentos aos moradores, quinhentos mais ou menos.(....)"

O pedido não foi atendido por não estarem concluídos os Registros do Patrimônio da Capela.

O processo foi refeito rapidamente e enviado à Câmara Episcopal de São Paulo. Mais uma vez foi rejeitado, por estar incompleto.

Finalmente em 30 de maio de 1873, o Vigário Capitular do Bispado de São Paulo assinou documento autorizando bênção e celebração da missa e dos demais ofícios divinos na Capela de São José do Rio Pardo, filial da Matriz do Espírito Santo do Rio do Peixe.

A primeira missa só foi celebrada em 19/03/1874.

E o bairro de São José do Rio Pardo, subordinado à Vila de Caconde, passou pelos estágios:

1º) Capela com patrimônio,

2º) Capela Curada, em 30/10/1875, que se desligou da Matriz do Espírito Santo do Rio do Peixe, quando foi nomeado um capelão (cura) para os ofícios religiosos.

Os primeiros sacerdotes foram: Padre João da Fonseca de Melo (1876-1878), Padre Gaudêncio Ferreira Pinto (1879-1880) e D.Antonio Sanches de Lemos, vigário de Caconde, que substituía os curas nas suas ausências.

A Capela Curada de São José foi elevada à categoria de Freguesia em 14 de abril de 1880, pela Lei nº 70, da Assembléia Provincial. São José do Rio Pardo, desanexou-se da Vila de Caconde, passando à de Casa Branca, constituindo-se em Paróquia, confirmada pelo Bispo de São Paulo, em 1º de fevereiro de 1881.

A primeira missa paroquial foi oficiada pelo Padre Antônio Sanches de Lemos.

Em maio de 1881, tomou posse o vigário Padre José Cantan Lisa, seguido pelos padres: Antônio de Freitas Novaes, Joaquim Thomaz Ancassuerd e, encerrando o século, o Padre José Thomaz Ancassuerd.

A nova Vila, florescente e progressista, única povoação a se espelhar no majestoso rio Pardo, apresentava, em seu primeiro ano de vida, um quadro urbano notável.

Contava o município com quatro praças: a da Matriz, do Rosário, do Mercado e a da Estação; doze ruas largas e retas, exceto a rua Direita, que era tortuosa, e cerca de 800 casas, em geral bem construídas e na maior parte térreas com apenas três sobrados; o cemitério, não muito longe da Matriz, e todo fechado pôr muros de pedra.

A população consistia de 4.255 habitantes; os cidadãos sujeitos a todo o serviço de paz e guerra somavam 35 e o número de eleitores qualificados 89; a Câmara Municipal contava com 7 vereadores e a escola pública, com cerca de 50 alunos, tinha como professor Emílio Mário de Arantes e o inspetor literário do Distrito era o Capitão Vicente Alves de Araújo Dias.

Apenas a igreja, construção mais antiga, resultante da primitiva capela reformada, era de pequenas dimensões e destoava do conjunto, entristecendo os paroquianos.

A Carta Régia de 1716 mandava que as igrejas deveriam ser construídas prevendo-se o aumento da população. Embora com o correr dos anos perdesse o diploma legal seu caráter normativo, seu espírito lógico permaneceu. Mas como poderiam as autoridades riopardenses prever que em quinze anos os habitantes passassem de pouco mais de 500 a 4300?. Além disso a capela foi construída com muito sacrifício, contando apenas com as doações dos povoadores. Assim a igreja era realmente pequena e carente de reparos.

Histórias da Construção da Igreja Matriz

Em 29 de maio de 1887, o Vigário Joaquim Thomás, no consistório da Igreja, reuniu fazendeiros, médicos, negociantes, artistas e representantes de outras classes sociais, lançou a idéia da construção de uma nova Igreja, que foi aceita com entusiasmo pôr todos. 

Elegeu-se então uma comissão destinada a angariar donativos e a dirigir os trabalhos assim composta: Presidente - Vigário Joaquim Thomás de Ancassuerd. Membros: João Batista Junqueira, Major José Antônio de Lima, Tenente Luís Carlos de Melo e Capitão Saturnino Frausino Barbosa. Suplentes: Honório Luís Dias, Capitão João Teodoro Nogueira, Joaquim Custódio Dias e Saint-Clair de Andrade Junqueira.

A planta da nova Matriz foi elaborada pelo engenheiro Dr.Ramos de Azevedo, o construtor do Teatro Municipal de São Paulo e de tantas outras obras notáveis. Esta planta e orçamento encomendados pelo Vigário foram pagos pela Câmara Municipal em 1888.

Em fevereiro de 1889 foi, com grandes festividades, lançada a pedra fundamental da nova Matriz, no terreno ao lado da Casa da Câmara, onde se localiza atualmente o prédio azul da Casa de Cultura.

Só em julho de 1890 que pode ser assinado contrato com o construtor Felício Maria Calvitti, iniciando-se então a construção; entretanto sendo aquele terreno escolhido impróprio, a referida construção foi realizada em frente à primitiva capela e no centro do então Largo de São José onde hoje se situa a Matriz.

No dia 3 de novembro de 1893, estando pronto o corpo da igreja, isto é, a nave, vindo de Mococa chegou o Bispo de São Paulo -Dom Lino Deodato - para visita pastoral pela primeira vez em São José; com sua comitiva hospedou-se no solar de Honório Dias, na praça Tiradentes nº 21.

Procedeu-se à inauguração com grandes festividades e demonstrações de júbilo. A nova Igreja era: "grande, espaçosa, gosto romano misto; bem decorada, erigida de tijolos, torre alta, bons sinos e bom relógio na torre". (foi a apreciação do senhor Bispo).

No altar-mor, montado no lugar do arco cruzeiro, Dom Lino oficiou o ato de benção. E para comemorar sua visita que se prolongou até dia 9, fez erigir no adro, um Cruzeiro.

Sob a direção do Cap.Vicente Alves de Araújo Dias e José Rodrigues do Prado tiveram prosseguimento as obras até seu remate final; mas o Vigário Joaquim Thomás de Ancassuerd, que tanto batalhara pôr elas, não pode assistir a seu término; deixando a Paróquia em 1898, foi substituído pelo Vigário José Thomas de Ancassuerd.

 

A nova Matriz teve sua inauguração com festas no dia 29 de maio de 1898.

 

Ao findar-se 1800, a nova Igreja, com sua altanaeira torre gótica central dominando o casario, é o orgulho dos riopardenses. Aos domingos, a retangular praça fronteiriça à Matriz, toda engalanada de palmeiras, com seu Cruzeiro, recebe os habitantes da cidade e das fazendas. Casais com seus filhos, avós, moças e rapazes, crianças, todos em harmonia, com uma só família; os poucos que não ligados pôr laços de parentesco ou compadrio, o são pela origem: vinham quase todos das Minas Gerais e formando um grupo à parte, os imigrantes.

Animam-se os alegres grupinhos de conversas, olham-se de longe os namorados e as crianças correm, até que o repicar dos sinos os chame para a missa. Na capela-mor espera-os o bom padre Joaquim Tomás.

Sobem-se alguns degraus de pedra e adentrando o portal encimado pôr ogiva, à esquerda, atrás do gradil de madeira, a pia batismal atrai os olhos pôr sua riqueza em mármore; à direita, o acesso ao coro onde se encontra o melhor harmônio da Diocese. Os bancos dispostos em duas alas e o púlpito são simples. A luz da manhã filtra-se no vitrais colorindo o cristal dos lustres e as brancas paredes na seqüência da "Via-Crucis".

O altar de Nossa Senhora Aparecida e o de São Sebastião ambos em mármore, são laterais.

Através do incenso que evola do turíbulo, o altar-mor aromado de flores é obra de arte em madeira, com preciosas decorações em talha colorida. O dístico "ITE AD JOSEPH" encima o nicho central do Santo Padroeiro; o sacrário decorado com um pelicano alimentando os filhotes, símbolo da eternidade pelo alimento espiritual; nos nichos laterais, as imagens do Sagrado Coração de Jesus e Coração Imaculado de Maria são encimados pôr conchas que simbolizam o apostolado e pôr pequenas cabeças de anjos alados; emoldurando os três nichos, quatro colunas com capitéis de folhas de acanto; flores, uvas e trigo completam a decoração. Sobressaindo-se no fundo claro, o verde vivo da esperança e da penitência, além do vermelho que simboliza o amor e a caridade.

Na base do altar, o Senhor Morto.

Ao som do harmônio, um coro de vozes puríssimas eleva a prece a Deus.

Alguns artigos da Lei nº 1153 de 24 de novembro de 1982:

- Artigo 1º - Fica determinado que a data máxima do Município de São José do Rio Pardo é a de sua emancipação política, ocorrida em 20 de março de 1885, pela Lei Provincial nº 49.

- Artigo 2º - Fica determinado que a data de fundação de São José do Rio Pardo é 4 de abril de 1865, conforme documentos existentes.

- Artigo 4º - Para atender à tradição e ao espírito religioso do povo riopardense, todas as comemorações das efemérides municipais concentrar-se-ão em 19 de março, Dia de São José, padroeiro do Município.

Demolição e Reforma da Igreja Matriz

Em meados de 1943 os jornais locais já publicavam discussões sobre a aprovação ou não da demolição da Igreja e a necessidade da reforma da mesma.

Já em 1948 foi celebrada a primeira missa na parte nova da Igreja - parte traseira, braço da cruz. 

Em 1962 houve uma pré-inauguração. Em agosto de 1964 finalmente a inauguração da Igreja.

Em 1984 tiveram início as últimas modificações ocorridas na atual Igreja Matriz, sob coordenação do Monsenhor Denizar Coelho e a Prefeitura Municipal.

 

Foram executadas obras de paisagismo em toda praça que circunda a Igreja e a Igreja teve o seu acabamento final realizado com a confecção de uma barra chapiscada em toda sua volta, troca de todos os vitrais danificados, pintura completa, instalação de um moderno sistema de som e outros melhoramentos. As obras tiveram seu término em 1988.

 

Altar de São José volta a seu lugar
(notícia do Jornal Gazeta do Rio Pardo de 23/08/1997)

Estão em pleno andamento as obras de construção do presbitério e da reforma do piso da Igreja Matriz de São José, sob a orientação e projeto do engenheiro Mário Gusmão, que recolocam o altar-mór em seu lugar original. Segundo o pároco, cônego João Antonio Darcie, "de trinta anos para cá, após o Concílio Ecumênico Vaticano II, a importância do presbitério aumentou, não apenas como local onde se ergue o altar, mas como fonte de uma liturgia participativa, visível e solene, com acessos facilitados e integrados com a capela do Santíssimo e a Sacristia. O presbitério é o local próprio para abrigar o celebrante, os concelebrantes e os que participam diretamente de uma cerimônia religiosa - o antigo altar da Matriz de São José não satisfaz estas prerrogativas".
(Na verdade, recente, pois o original - que hoje, inclusive, está no Museu Rio-Pardense e veio da Matriz antiga, construída por Ramos de Azevedo - situava-se no fundo da "cabeça" da cruz que a igreja forma.)

Sobre os detalhes do projeto, o engenheiro Mário Gusmão disse à Gazeta que as reformas atendem ao solicitado pelo cônego João Antonio Darcie e pela equipe de trabalho, da qual é coordenador seu pai, Antonio Gusmão, e consta de uma reforma ampla.

Projeto - O projeto inclui a construção do presbitério, com a colocação de ambão (para leitura) e pia batismal; reforma da sacristia, onde será colocado um lavabo, readaptação de armários e nova abertura para o prebitério; reforma da capela do Santíssimo Sacramento, também visando a integração direta com o presbitério. Fazem parte ainda das obras a construção de retábulos (nas paredes do fundo do presbitério) para a colocação da imagem de São José, ladeado pelas imagens de Maria e de São João Batista, padroeiro da Diocese.

Além disso, em homenagem a Maria, que é uma das maiores devoções dos rio-pardenses, desenharam-se os degraus e os patamares laterais de acesso ao presbitério, de maneira a formar um "M".

"Para que a reforma fosse definitiva e completa, resolvemos também colocar um piso de melhor qualidade e resistência, em substituição aos ladrilhos antigos, que eram bonitos mas já estavam muitos desgastados, sem brilho e sem cores. Foi escolhido o granito Juparana palha para todo o piso e parte dos espelhos da escada e rodapé. Em alguns pontos da nave central e do piso dos degraus, haverá uma faixa com granito preto e granito cinza corumbá. Foram colocados dezenas de pontos para instalações elétricas e de microfones, de maneira a evitar ou diminuir a colocação dos cabos de microfones na igreja.

Os quatro acessos laterais receberão cobertura em alvenaria e laje impermeabilizada, com o cuidado de não alterar os detalhes de arquitetura do prédio, mas de forma a facilitar a entrada de pessoas sem interferir demasiadamente nas cerimônias. Além disso, com a retirada dos protetores de madeira atuais (biombos) os corredores laterais receberão bancos, sem prejudicar a visão do presbitério.

Lustres - É projeto ainda a alteração e reforma dos lustres, dos bancos de madeira, a confecção de mais bancos, no mesmo molde dos bancos atuais instalados na nave central, de tal forma a homogeneizar os móveis. Também o equipamento de som foi melhorado.

Colaborações - Colaboram na construção os próprios pedreiros e serventes, grupos de casais, equipes da Zona Rural, ministros da Eucaristia e os fiéis de uma maneira geral, que estão participando da campanha dos 1.100, lançada pelo cônego João Antônio Darcie, visando arrecadar fundos para o pagamento da aquisição de 1.100 metros quadrados de granito.

Na semana passada, a Câmara Municipal fez uma moção de congratulações à iniciativa do cônego Darcie e seus colaboradores diretos, pois acreditam os vereadores que, além da parte religiosa muito importante , o prédio da igreja de São José é um ponto de referência e cartão postal de nossa cidade.

voltar.gif (246 bytes)Voltar