Os amigos de Euclides em

São José do Rio Pardo

 

Euclides, introvertido, esquivo e desconfiado, convivendo em harmonia com os operários da ponte, teve em São José poucos amigos, quase todos eruditos, com intensa atividade intelectual. Dentre estes, destacaram-se:

 

Francisco de Escobar, o Chico Escobar como era conhecido, mineiro de Camanducaia, que aqui chegou a convite do Dr. José da Costa Machado e Souza, ex-presidente da Província de Minas Gerais, que comprara a fazenda Água Fria, hoje, Vila Costina. Sem ser advogado, Escobar conhecia leis e tinha um saber profundo. "Foi um advogado que não tirou carta". Músico: pianista e flautista, participou de inúmeros recitais e festivais em São José do Rio Pardo. Rui Barbosa a ele se referiu como "doutíssimo" e "eruditíssimo", pelos seus discursos forenses. Foi vereador e intendente em São José (1896 a 1899), participando dos movimentos socialistas locais. Foi o conselheiro, animador e o maior colaborador de Euclides. Profundo conhecedor do Latim, Grego, Inglês e Francês, traduziu, ao amigo escritor, o livro Flora Brasiliensis, de Martius. Mudou-se de São José, provavelmente, em meados de 1905.

 

Adalgiso Pereira, professor de português, vivia à sombra de Escobar. Fez a revisão do Urupês para Monteiro Lobato.

 

Bráulio de Menezes, médico, vereador e prefeito.

 

Álvaro de Oliveira Ribeiro, médico e diretor do jornal "O Rio Pardo", cuidou da saúde de Anna, a mulher de Euclides.

 

João Moreira apresentou a Euclides Vitalino Moreira, apelidado de Jerônimo Picuí, um boiadeiro mineiro, seu parente, para lhe relatar um estouro de boiada.

 

José de Oliveira Leite, baiano, advogado, casado com a filha do Coronel José Ezequiel de Souza, da Fazenda Brejão. Homem culto, forneceu a Euclides material informativo sobre a Bahia. Foi vereador e presidente da Câmara rio-pardense. Mudou-se de São José, em 1900, para assumir o alto posto de Secretário da Fazenda, na sua terra natal.

 

José Rodolpho Nunes, advogado e vereador.

 

Jovino de Sylos, advogado, poeta, vereador, intendente, recebeu a ponte em nome da comunidade, na festa de inauguração, e recebeu do escritor, como presente, sua escrivaninha, que sempre estivera na cabana de zinco.

 

Inácio Loyola Gomes da Silva, advogado, socialista, foi presidente do Clube "Filhos do Trabalho".

 

Mauro Pacheco, advogado, promotor de Justiça, primeiro diretor do jornal "O Rio Pardo", integrante do clube socialista local.

 

Das cidades vizinhas, eram seus amigos:

 

Humberto de Queiroz, de Mococa, admirado pela sua cultura, historiador, assinava com a letra "Q" seus trabalhos jornalísticos. Em 1/6/1899, escreveu "De cá para lá", um artigo n’ "O Rio Pardo", relatando uma reunião de amigos em casa de Euclides, onde ouviram a leitura de novas páginas escritas por ele, de um livro que supunha denominar-se "Guerra de Canudos". (Veja "Cronologia…", à pág. 10, 2 últimos §, e pág. 11).

 

Lafayette de Toledo, de Casa Branca, foi autor do Dicionário Topográfico da Comarca de Casa Branca, membro do Instituto Histórico, forneceu a Euclides a correspondência de Canudos.

 

Valdomiro Silveira, de Casa Branca, era jornalista e autor de Leréias.

Estes amigos de Euclides, acima citados, estão mencionados em suas cartas. Citados, também, estão:

 

José Augusto Pereira Pimenta, comerciante e copista das tiras de Os Sertões, e

 

Mateus Volota, o guarda da ponte, italiano calabrês, com argola de ouro na orelha furada, que morreu na epidemia de febre amarela, em 1903.

Também foram seus amigos:

 

José Honório de Sylos, secretário da Câmara, cronista do jornal "O Rio Pardo", que Euclides quis conhecer. Emprestou livros ao escritor e tentou copiar suas tiras de Os Sertões;

João Modesto de Castro conheceu Euclides no casamento de um parente e lhe forneceu recortes de seus artigos (de Euclides) publicados no jornal "O Estado de S. Paulo".

 

Dr. Pedro Agapio de Aquino recebeu um bilhete do escritor, em 23 de março de 1899, pedindo-lhe emprestados números do "Jornal do Comércio".

 

Paschoal Artese, marceneiro e desenhista, tinha 18 anos em 1899. Socialista, no ano seguinte, foi um dos fundadores do "Clube Socialista dos Operários" e do "Clube Internacional Filhos do Trabalho". Muitos anos mais tarde, afirmou que Euclides participara dos movimentos socialistas rio-pardenses, o que foi contestado pelo promotor público e pesquisador, José Aleixo Irmão, no seu livro Euclides e o Socialismo.

 

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